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Importação abala setor de confecções
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
08/09/2007 | 07:10
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Com a invasão de produtos importados no mercado, em conseqüência entre outros fatores da sobrevalorização do real, tem havido um forte descompasso entre consumo e a produção nacional de produtos têxtil e de confecções.

Um novo estudo sobre o setor no País detalha esse descompasso: enquanto o consumo per capita (por habitante anualmente) de artigos têxteis e de confecção cresceu 9,2% no Brasil no ano passado, a produção nacional por habitante/ano se elevou apenas 1,1%.

Ainda segundo o levantamento, realizado pelo IEMI (Instituto de Estudos e Marketing Industrial) em parceria com a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções), o forte crescimento das importações nessa área no ano passado – 33% em volume e 41% em valor – mostra que a demanda interna tem sido suprida pelas aquisições de itens de outros países.

No ano passado, o faturamento do segmento foi de US$ 33 bilhões, praticamente inalterado em relação a 2005. Essa indústria continua sendo uma das que mais emprega no Brasil, com 1,6 milhão de trabalhadores.

Perdas - Segundo o dirigente, mesmo com todos esses problemas, o setor tem se mostrado competitivo e registrou uma melhora nos indicadores neste ano, por conta do aquecimento do mercado interno.

De janeiro a junho, a indústria cresceu 3,45% ante igual período de 2006, depois da queda de 7,6% no primeiro semestre do ano passado. “É positivo, mas ainda não recuperamos as perdas”, salienta.

Além disso, o consumo desses itens nos primeiros seis meses deste ano cresceu 10%, a maior parte capturado pelos importados.

Umas das empresas do setor que têm enfrentado bem as dificuldades é a Antishock, de Diadema. “O inverno foi bom, acreditamos em crescimento de 8% real”, afirma o sócio Reinaldo Batah.

Para o empresário, os importados sem dúvida atrapalham. “Mas a marca é conceituada e buscamos a renovação constante”, disse.

Problemas - Segundo o diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, as dificuldades do setor não se resumem ao efeito cambial. “Falta isonomia (igualdade de condições)”, afirma.

Ele cita a elevada carga tributária, os juros altos e a ausência de medidas compensatórias para estimular o setor produtivo.

Para ele, a medida de elevação da alíquota de importação, que ainda não entrou em vigor (subiu para 35%) ajuda mas não “é uma bala de prata”, ou seja, não resolve sozinha. “A tendência no mundo é de barreiras não tarifárias mas quando há desequilíbrios concorrenciais temos de fazer como os outros e elevar as alíquotas”, disse.



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