Política Titulo Entrevista
'Alckmin é o candidato do PSDB’
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
20/11/2017 | 07:02
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Nario Barbosa/DGABC


Prefeito de São Bernardo e muito próximo de ser indicado para o diretório nacional do PSDB, Orlando Morando acredita que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já se consolidou para ser o presidenciável tucano na eleição do ano que vem.

Morando também pontua, em entrevista ao Diário, que Alckmin deveria presidir o PSDB em âmbito nacional, até para estancar a crise interna, acentuada quando o senador mineiro Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB, destituiu o senador cearense Tasso Jereissati do comando interino da legenda.
Sobre as possibilidades do tucanato na eleição ao governo de São Paulo, Morando lista apenas dois quadros do partido capazes de suceder Alckmin no Palácio dos Bandeirantes: o senador José Serra e o prefeito da Capital, João Doria.

Bruno Araújo iniciou na semana passada o desembarque do PSDB do governo de Michel Temer (PMDB). Demorou muito para que esse processo tivesse início por parte do PSDB?
Eu nunca radicalizei sobre os aspectos de dar sustentabilidade ao governo Temer nas reformas, que são necessárias mais do que nunca para o País. Infelizmente a pauta das reformas foi substituída pela pauta da sobrevivência do governo Temer. A energia que ele deveria ter utilizado para aprovar as reformas foi utilizada para se manter no cargo. Isso inverteu as prioridades do Brasil. Não tem o menor sentido o PSDB, como nunca teve, ficar alinhado e ocupando cargos em um governo que não pautou as prioridades para o País. Viramos mola de sustentação para manter um presidente da República e não um governo. Isso é muito grave. Não tenho nada pessoal contra o presidente Temer, só entendo que ele não priorizou aquilo que o Brasil precisa. E está provado: acabou o ano, não tem reforma e a economia reage por osmose, não porque a política mudou. O PSDB não ouviu as bases, tomou decisões isoladas, para não dizer personalistas. Personalistas para entrar e para sair. Se você me perguntar como eu vejo a saída do ministro Bruno Araújo, vejo muito mais um caráter de se preservar no Estado dele (Pernambuco, por onde é deputado federal) pelo desgaste do presidente Temer do que propriamente pensando no PSDB. Não penso que teremos de pagar conta impagável. O PSDB é grande, tem bons quadros e bons nomes. O destino que buscaremos para o partido no congresso do dia 9 de dezembro será fundamental para que a gente possa reconstruir essa imagem perante a sociedade. Hoje a imagem não é boa, está desgastada, é inegável. Você abraça um governo impopular como é o do Temer, como não tem problema? Mas não acho que é irreversível.

Quem o sr. acha que deve ser o presidente do PSDB em âmbito nacional?
Eu defendo que o Geraldo (Alckmin, governador de São Paulo), neste momento, poderia presidir o partido a partir do dia 9. Depende dele presidir o partido e hoje tenho certeza que é ele (Alckmin) o candidato a presidente da República pelo PSDB. Ele construiu essa candidatura com sua trajetória, o mais sólido, o mais experiente. E neste quesito a experiência vale muito. Hoje ele não tem concorrente dentro do PSDB.

Nem mesmo o prefeito de São Paulo, João Doria?
Está superado. É uma leitura minha, uma convicção minha. Acho que ele (Doria) deveria ter essa convicção também. O Geraldo, até para demonstrar unidade do partido, deveria aceitar ser presidente do partido.

O Datafolha mais recente apontou o Alckmin com 8% das intenções de voto e vem mostrando que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se consolida como o principal candidato da direita na corrida presidencial. É possível reverter esse cenário?
No período de pré-candidatura, e nós vimos aqui nas últimas eleições, o cidadão para dar uma passeadinha antes da eleição até aceita pegar uma moça ou um rapaz que acha bonitinho, mas tem certeza que não vai casar. Mas na hora de apresentar para a família e para casar ele escolhe com mais propriedade. O processo pré-eleitoral é muito embrionário. O cara dá uma paquerada com um, uma paquerada com outro. Mas na hora de levar para a família e casar ele fará com quem ele realmente confia. Não acho que será eleição fácil. Não podemos subestimar nem o candidato da esquerda (no caso Luiz Inácio Lula da Silva, do PT)nem o da direita (Bolsonaro). Porém não encontro consistência em ambos. Um pelo excesso de rejeição, pelo processo que enfrenta pelo caminho, se é que poderá ser candidato (no caso de Lula). E o outro, com todo respeito, não tem a substância ainda necessária. Ele é bom parlamentar, discursa bem, se posiciona bem. Governar o Brasil não se faz com um discurso monocrático. Governar um País como esse você tem de ter trajetória, essência e preparo que transcende de falar de um só assunto. Chefe do Executivo tem de, se não conhecer muito cada área, ser PhD ou especialista, precisa ter noção clara sobre isso. O Geraldo leva enorme vantagem nesse quesito.

Quais nomes o sr. vê como prováveis candidatos do PSDB ao governo de São Paulo?
Temos algumas candidaturas que não considero as mais viáveis. Não consigo ver avançar a candidatura do Floriano (Pesaro, deputado federal licenciado e secretário de Desenvolvimento Social do Estado). Tem a candidatura colocada, não por ele, mas está discutida, que é a do (senador José) Serra, que é um bom nome, é senador, foi governador, é experiente. E acho que o Doria entra nesse jogo e é um nome forte. Entendo que se for desejo dele, esse assunto ficará entre ele (Doria) e Serra. Não acho que os demais nomes colocados têm tamanho e estatura para querer disputar dentro do PSDB.

O seu nome não está colocado nesta disputa ao governo do Estado?
Nunca deixei meu nome colocado. Sempre agradeci as menções honrosas, são importantes. Mas estou muito focado na Prefeitura de São Bernardo. Não é um desejo meu. Sou candidato a ser bom prefeito. Estou focado na Prefeitura, feliz em ser prefeito, tentando fazer o meu melhor. Não é candidatura colocada hoje. Se fosse uma extrema necessidade do partido, o que não será, porque há outros nomes querendo, eu poderia avaliar isso. Mas hoje isso não está nem em avaliação.

O sr. tem uma proximidade com o Doria. Ele entende que o Alckmin está mais preparado para ser o presidenciável do PSDB? E, além disso, é possível aparar as rusgas criadas nos últimos meses para que o Doria seja o candidato ao Estado?
O candidato a presidente do PSDB, que será o Geraldo Alckmin, terá força determinante para influenciar o candidato a governador de São Paulo. Primeiramente que é o Estado dele. Segundo, um bom candidato a governador faz toda diferença para o candidato a presidente. Ficou provado com o Aécio (Neves, senador do PSDB) em Minas. Ele não escolheu um bom candidato em Minas e pagou preço caríssimo (em 2014, quando foi presidenciável, Aécio apostou em Pimenta da Veiga para concorrer ao governo de Minas Gerais; seu candidato saiu derrotado na eleição estadual e Aécio foi superado em votos em seu Estado). O Geraldo, na minha avaliação, tem força e direito de influenciar fortemente no candidato a governador.

O sr. falou que a conta de ter apoiado o governo Temer pode ser quitada durante a eleição. E a fatura de Aécio ter permanecido, mesmo que licenciado, à frente do PSDB nacional a despeito das denúncias contra ele? Também pode ser paga?
(A permanência de Aécio) É ruim. Isso foi péssimo. Toda vez que se tem algo que demonstre o interesse pelo cargo, sem razão, é preocupante. Acho que ele deveria ter deixado (a presidência do PSDB), defendi isso publicamente. Ele tinha de renunciar à presidência do partido para poder se defender. Não acho boa a forma como ele se posicionou. Fui crítico e continuo sendo crítico. Só que a sociedade está cansada da intriguinha e muito menos preocupada com os problemas internos do partido. O que o brasileiro vai querer saber é, no olho no olho, quem vai poder devolver o emprego que o PT tirou dele, como devolver uma qualidade de vida, a paz. 




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