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Nardini volta a colocar pacientes em macas nos corredores

Equipe do Diário flagrou dez enfermos à espera de leito de internação adequado na tarde de ontem

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
11/10/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Não bastasse a presença de pacientes ‘amontoados’ em leitos de enfermaria com o objetivo de maquiar a superlotação, conforme denunciou o Diário no dia 30 de setembro, o Hospital Nardini, em Mauá, voltou a improvisar atendimento de indivíduos internados em macas espalhadas pelos corredores. O equipamento sustenta a fama de ‘hospital de corredor’ devido ao problema antigo.

Durante visita realizada ontem à tarde ao equipamento de Saúde, a equipe do Diário flagrou ao menos dez pacientes acomodados em macas nos corredores do andar térreo, onde ficam localizados o pronto-socorro e quartos de enfermaria. Os enfermos destacaram que aguardavam, por até seis horas, a liberação de leitos adequados.

Em meio à correria de médicos e enfermeiros na unidade, que passa por obras desde 2015, os doentes eram obrigados a improvisar local para refeição. Próximo à ala de gesso, três pacientes se alimentavam nas próprias macas, minutos depois de funcionários da copa terem entregado dietas do café da tarde. “É um descaso total. Não tem nem espaço para as meninas passarem com as comidas”, disse paciente que não quis se identificar.

Sem profissionais para realização de exames de imagem (leia mais abaixo), a situação do hospital ficou ainda pior. Atropelado há uma semana, quando quebrou o braço esquerdo, o serralheiro Wellington Aparecido Jordão, 29 anos, foi ontem até a unidade na esperança de conseguir voltar ao trabalho. “Cheguei aqui e não tinha raio X. Tive de ir com meu próprio carro até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Magini. Voltei e o médico disse que teria de operar, mas já estou há seis horas com dor, na maca, esperando uma vaga no quarto.”

Ao lado de Jordão, outro enfermo destacou ter enfrentado a mesma situação. “Fomos até a UPA fazer o exame e estou há duas horas esperando vaga para sair do corredor”, disse, em condição de anonimato.

Em nota, a Prefeitura de Mauá ressaltou que “alguns pacientes podem ficar por alguns instantes no corredor a fim de serem transferidos para outras unidades ou leitos, sempre de forma passageira”. Na tentativa de justificar o problema, a administração lembrou que o equipamento de Saúde passa por reforma do pronto-socorro, “o que reduz a capacidade de internação diante de alta demanda por atendimentos médicos no município”. Além disso, o Executivo afirmou que o hospital segue “rigorosamente as normas brasileiras de Saúde pública”.

Protesto paralisa exames de imagem

Pela segunda vez em menos de 15 dias, servidores vinculados à empresa SPX Imagem paralisaram a realização de exames de imagem no Hospital Nardini, em Mauá. O serviço segue suspenso, sem previsão de retorno, em protesto pelo não pagamento de salários atrasados.

Sem atendimento na unidade de Saúde, pacientes foram obrigados, ontem, a se deslocar por conta própria e, em casos de urgência por meio de ambulâncias, até UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) do município para realização de exames de raio X, tomografia e ultrassom.

De acordo com o Sinttaresp (Sindicato dos Tecnólogos, Técnicos e Auxiliares em Radiologia no Estado de São Paulo), funcionários reivindicam quitação de dívida de R$ 1,3 milhão que a FUABC (Fundação do ABC), gestora do Hospital Nardini, possui junto à SPX Imagem.

O secretário de Saúde de Mauá, Márcio Chaves, chegou a se reunir ontem à tarde no Hospital Nardini com representantes da empresa para negociar possível solução do impasse. No entanto, não houve acordo.

A FUABC se limitou a dizer que “aguarda breve acordo entre a Prefeitura de Mauá e a SPX Imagem para que a oferta de exames seja normalizada”.

A Prefeitura informou ter apresentado proposta para retomada imediata dos atendimentos, com expectativa de retorno do serviço hoje. A administração ressaltou ainda que atendimentos estão sendo realizados em outras unidades de Saúde.




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