Cerca de 200 moradores do Centreville lotaram, na noite de ontem, o plenário da Câmara de Santo André para a primeira audiência pública criada com a proposta de regularizar as residências do bairro.

A principal queixa das pessoas que compareceram no espaço foi sobre a ausência de algum representante da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O órgão estadual enviou apenas uma carta, que teve um trecho lido pelo vereador Paulinho Serra (PSDB).

"Infelizmente, estou fazendo uma função dupla. Como vereador e representante do PSBD, fiquei decepcionado", disse o parlamentar, que está na comissão de cinco vereadores.

O principal assunto do encontro foi sobre os processos de execução fiscal por falta de pagamento do IPTU, movido pela Prefeitura, contra 26 residências.

"Como vou pagar o IPTU se não vem no meu nome? Quando regularizar tudo, lógico que vou quitar a minha parte. Aqui ninguém se recusa a pagar, mas tem que haver a regularização", comentou Juarez de Araújo Costa, 44 anos, que mora há dez no Centreville.

Na sessão que durou mais de duas horas, ficou combinada a criação de uma comissão com vereadores, secretários e moradores. A primeira medida será a realização de um recadastramento das famílias.

A costureira Mari Mota, 48, que reside há quatro anos no bairro, foi embora antes da finalização do encontro. "Tudo o que foi falado aqui já conversaram conosco em outra reunião. Sobre a regulamentação eles não respondem", disse.

O vereador Tiago Nogueira (PT) foi quem intermediou as perguntas e respostas da mesa. "Não é um processo fácil, mas queremos a regularização definitiva do Centreville."

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Frederico Muraro Filho, informou que agora a proposta é ter um projeto com começo, meio e fim.

O Centreville foi a primeira ocupação que ocorreu no Brasil. Em 16 de julho de 1982, aproximadamente 600 famílias invadiram as casas de um condomínio de alto padrão que estava com as obras paralisadas.