Política Titulo FUABC
Diretores da FUABC ganham mais que prefeitos e governador

Salários superam 5 dos 7 prefeitos da
região; são maiores até que de Alckmin

Por Raphael Rocha
12/02/2017 | 07:00
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DGABC


Diretores da FUABC (Fundação do ABC) recebem salários maiores do que cinco dos sete prefeitos do Grande ABC e do que o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). O Diário teve acesso à lista de vencimentos de 67 colaboradores de livre nomeação dentro da entidade regional e constatou a existência de supersalários no órgão de Saúde.

A atual estrutura da FUABC conta com oito diretorias, sendo que apenas uma delas – o setor de qualidade – não tem diretor contratado. Os outros sete recebem mensalmente R$ 23.324,70 brutos, a despeito de, hierarquicamente, terem funções de menor responsabilidade do que presidente, vice-presidente e secretário-geral. Para efeito de comparação, esses contracheques só são menores do que os ganhos dos prefeitos de Santo André, Paulo Serra (PSDB) – R$ 27.277,32 –, e de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) – R$ 30.625,77.

Os salários desses diretores superam os dos chefes de Executivo José Auricchio Júnior (PSDB, São Caetano, R$ 20 mil), Lauro Michels (PV, Diadema, R$ 19.440,47), Atila Jacomussi (PSB, Mauá, R$ 18.576,09), Adler Kiko Teixeira (PSB, Ribeirão Pires, R$ 20.042,34) e Gabriel Maranhão (PSDB, Rio Grande da Serra, R$ 15.033,87). São maiores também do que a remuneração mensal de Alckmin. Governador do Estado mais rico da Nação, o tucano ganha R$ 21.631 por mês.

A lista, entretanto, não compreende alguns setores também estratégicos dentro da FUABC, como a central de convênios. Esse departamento lida diretamente com as mantidas, unidades de Saúde em que há gerência da Fundação. O quadro completo de servidores, com seus respectivos salários, continua guardado em caixa-preta que a direção se recusa a abrir.

A lista obtida pelo Diário apresenta as diretorias administrativa, de comunicação e marketing, de auditoria interna, de qualidade, de RH (Recursos Humanos), de TI (Tecnologia da Informação), financeira e jurídica. Também mostra salários de três funcionários que atendem a presidência – secretária e dois analistas. O setor que mais consome recursos é a diretoria jurídica. São 13 colaboradores que, juntos, recebem R$ 141 mil por mês (R$ 1,69 milhão ao ano). Na estrutura há um diretor, um gerente jurídico, um assessor jurídico e dez advogados.

As oito diretorias, somadas aos cargos da presidência, custam mensalmente R$ 593,9 mil (R$ 7,1 milhões ao ano) à FUABC, mantida pelas prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano. O orçamento da FUABC para este ano alcança os R$ 2,3 bilhões – quantia inferior apenas às projeções orçamentárias de Santo André e São Bernardo.

Nova presidente da FUABC, Maria Bernadette Vianna projeta analisar o quadro de funcionários e não descarta cortar servidores e diretorias. Ela disse, durante sua posse, na quinta-feira, que em 30 dias vai ter ciência de toda máquina administrativa da Fundação. Passado esse prazo, divulgará plano de ações. Ela também prometeu, ao Diário, abrir a caixa-preta da instituição e divulgar dados que deveriam ser públicos. A Fundação descumpre lei federal ao não expor em seu site, por exemplo, informações como despesa, receita e salários pagos aos colaboradores.

O salário da mandatária da FUABC é o mesmo que ela recebe como funcionária da Prefeitura que a indicou para a vaga. No caso de Bernadette, ela é secretária adjunta de Saúde de Santo André e seus vencimentos são de R$ 7.841,75.




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