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Mulher mantida por aparelhos aborta
Por Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
30/05/2007 | 07:01
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A tentativa de manter a gestante Flávia Silveira viva por mais 10 semanas com a ajuda de aparelhos para salvar Guilherme, um feto de quatro meses e meio, acabou na manhã de terça-feira com a morte do bebê, conseqüência de um aborto natural.

Os médicos do Hospital Mário Covas, em Santo André, detectaram às 9h30, por meio de um exame de ultrassom, que o coração do bebê havia parado de bater. Pouco depois, a equipe médica identificou o descolamento da placenta e do cordão umbilical de Flávia, o que causou o aborto.

“As condições hostis do útero da paciente fez com que a tendência natural do organismo de provocar o aborto prevalecesse. Lutamos de todas as formas para manter as funções da mãe para continuar essa gestação, mas infelizmente o quadro era muito difícil”, afirmou durante entrevista coletiva o médico Vanderley da Silva Paula, diretor clínico do Hospital Mário Covas.

Essas condições hostis, segundo os médicos, acontecem devido à interferência de aparelhos e drogas para controlar as funções cerebrais que a mãe não tinha mais naturalmente. “Desde terça-feira afirmamos que havia esperança de sucesso, mas com a probabilidade baixa”, completou Milton Borrelli, diretor técnico do hospital.

A equipe ressaltou que fez tudo o que poderia em termos médicos e tecnológicos em relação ao caso e lamentou o desfecho. “A frustração é comum e inerente a todas as profissões”, comentou Borrelli.

De acordo com a equipe médica, após constatado o aborto natural, o feto pesava 180g e media 15cm, foi realizado na mãe o teste de apnéia, que faltava para decretar oficialmente a morte cerebral de Flávia, quadro que se confirmou no início da tarde de terça-feira.

Flávia vai continuar viva com a ajuda de aparelhos até quando seu organismo suportar, de acordo com um pedido da família. “Manteremos todos os aparelhos ligados. Eles só serão desligados com autorização da família”, afirmou Silva Paula. Segundo o médico, é impossível prever com exatidão quanto tempo o organismo da mulher conseguirá suportar com os aparelhos. “ A cada dia começarão mais instabilidades, e elas vão aumentando. É a natureza agindo e os médicos tentando brigar contra ela”, afirmou.

O quadro de morte cerebral de Flávia obrigou o hospital a avisar a OPO (Organização à Procura de Órgãos), que enviaria uma equipe para conversar com a família para cogitar a possibilidade de doação de órgãos. Até o fim da tarde de terça-feira, não havia a confirmação o encontro já havia ocorrido. A família de Flávia não quis comentar o caso.

O crime - A auxiliar de recursos humanos Flávia Silveira voltava de uma quermesse no ginásio poliesportivo de São Bernardo, na noite de sábado, quando foi vítima de uma bala perdida perto de casa, na favela do DER.

Ela estava com duas primas. Segundo testemunhas, quando elas ouviram os disparos, tentaram se esconder, mas Flávia foi atingida na cabeça e levada para o Pronto-Socorro Central da cidade, e depois transferida para o Hospital Mário Covas.

A polícia investiga uma suposta troca de tiros envolvendo um guarda civil de São Paulo e assaltantes.




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