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Tá tudo no meu nome
Isabella Motta
Da TV Press
16/03/2007 | 20:28
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Quando uma produção começa, os atores imediatamente passam a ter novos nomes e novas personalidades por conta de seus papéis. Os nomes escolhidos pelos autores para seus personagens serão repetidos exaustivamente na TV durante cerca de oito meses. “Nomes impronunciáveis complicam a métrica da fala do ator”, afirma Maria Carmem Barbosa, que costuma pensar nos nomes antes de começar a escrever uma obra.

Em Prova de Amor, Tiago Santiago lançou mão de simbolismos para criar os nomes das principais famílias da trama, as de Daniel Avelar e Clarice Luz, vividos por Marcelo Serrado e Lavínia Vlasak. “Adoro nomes com simbolismos como Avelar (ave-lar), uma saudação ao lar e Luz”, afirma.

Outro critério utilizado pelos autores é a afetividade. “Costumo usar nomes de autores de quem gosto ou de gente da minha família. Miguel, por exemplo, é o nome do meu filho”, diz Marcílio Moraes, autor de Vidas Opostas, da Record, cujo protagonista se chama Miguel.

Para escrever Paraíso Tropical, Gilberto Braga levou em conta a simpatia por alguns nomes como Paula e Daniel, os protagonistas da trama, vividos por Alessandra Negrini e Fábio Assunção. Ele garante que não houve mistério na hora de escolher os nomes mais importantes da trama como os das gêmeas Paula e Taís, interpretadas por Alessandra, nem do vilão Olavo, de Wagner Moura. “Escolhi todos pela sonoridade e porque os acho bonitos”, diz.

A inspiração pode vir também de livros de história e da mitologia grega. Carlos Lombardi, por exemplo, tomou emprestado nomes da lenda do rei Arthur para construir a história de Pé na Jaca. Na trama, os nomes de Lance, Arthur, Guinevére e Morgana não são nada estranhos para quem conhece a história do rei da Távola Redonda, que expulsou os invasores saxões.

Repetir nomes de personagens é um recurso na teledramaturgia. Um caso famoso é o do autor Manoel Carlos, que não abre mão de ter sempre uma Helena em suas tramas. Para ele, esse nome simboliza a força e a beleza de Helena de Tróia, motivo de uma guerra entre gregos e troianos. “Quando penso numa novela, imagino imediatamente a atriz para Helena”, diz Maneco,

Em Prova de Amor, o personagem de Marcelo Serrado, o herói da trama, se chamava Daniel Avelar e o vilão, interpretado por Leonardo Vieira, era Lopo. O escritor Tiago Santiago explica que escolheu trocar a letra b, de Lobo, por p para poupar quem possui este nome. “Gosto de escolher nomes incomuns para os vilões pois ninguém se identifica, sem falar que Lopo carrega o sentido do lobo mesmo. Já os mocinhos devem ter nomes bíblicos ou carregados de simbologia”, acredita Tiago Santiago, autor da história.

Gilberto Braga também foge do óbvio na hora de escolher os nomes de seus vilões. Mas não abre mão dos nomes fortes. Tanto que na hora de escolher os personagens mais marcantes de sua carreira aponta dois bem-sucedidos vilões como seus preferidos: Odete Roitman, papel de Beatriz Segall em Vale Tudo, e Felipe Barreto, interpretado por Antônio Fagundes em O Dono do Mundo. “Não gosto de nomes óbvios como Angela para vilã e Clara para mocinha”, exemplifica.



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