A chegada da TV digital foi comemorada pelo governo e por emissoras de televisão, mas deve ser vista com precaução pelo consumidor. Antes de investir em equipamentos que permitam o recebimento da imagem em alta definição, o telespectador paulista (por enquanto, o lançamento é válido apenas para a Região Metropolitana de São Paulo) deve confirmar se o bairro onde vive já dispõe do sistema.

“A TV digital vai pegar ou não de acordo com a área que servir. Há bairros que podem ficar numa região de sombra, pelo menos nesse primeiro momento”, diz o advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) Luis Fernando Moncau.

As incertezas relativas à interatividade também servem de motivo para o consumidor esperar. O software responsável pelo serviço – batizado de Ginga – ainda não está garantido em todos os conversores. “Quem optar por adquirir a TV digital agora corre o risco de ter de fazer um novo investimento mais pra frente”, diz o técnico do Procon-SP Raul Dalaneze.

O governo federal não estipula prazos para liberar as demais medidas necessárias à implementação do sistema digital. Além de não informar quais bairros estão contemplados com o sinal, não menciona também se aprovará ou não a proteção contra conteúdos transmitidos em alta definição.

“Há uma discussão sobre proibir o consumidor de gravar os programas transmitidos no novo sistema. O Idec é contra essa proteção, que fere os direitos do consumidor. Além do mais, a medida não será eficaz para combater a pirataria, já que esta é a justificativa”, diz Moncau.

Até todas as dúvidas serem resolvidas, a dica é esperar, com a promessa de que o sinal analógico continuará em atividade durante os próximos nove anos. Período de adaptações para o governo, para as emissoras de TV e papara os consumidores.