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Morre Alberto Lattuada, sátiro do cinema italiano
04/07/2005 | 08:31
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Ele entrou para a história como um mestre do erotismo à italiana, mas não há nada na obra de Alberto Lattuada que o aproxime do limite do pornográfico, como Tinto Brass (de Monella, a Travessa). Lattuada possuía refinamento plástico e psicológico e, aos mulherões de Brass, preferia as ninfetas. Ele morreu neste domingo, em casa, em Roma. Tinha 91 anos. Filho do compositor Felice Lattuada, Alberto nasceu em 1914 e cresceu em Milão. Em 1940, co-escreveu o roteiro de Pequeno Mundo Antigo, que virou filme de Mario Soldati, estabelecendo na Itália a tendência do cinema caligráfico, marcado pelo preciosismo da imagem. O próprio Lattuada deu ao caligrafismo um de seus títulos famosos, Giacomo, L’Idealista (1942).

No seu Dicionário de Cinema, Jean Tulard observa que a obra de Lattuada resume quase todos os gêneros do cinema italiano: caligrafismo, comédia, neo-realismo, adaptação literária e as co-produções internacionais de ação. Obra de qualidade, mas também disparatada, unida pelo sexo. Lattuada foi um sátiro. Ele co-dirigiu Mulheres e Luzes (1950), que antecipa o universo do outro co-diretor, o jovem Federico Fellini. Lattuada dirigiu Norma Bengell no primeiro filme italiano da atriz – O Mafioso (1962), com Alberto Sordi.

O neo-realismo em sua obra aparece em O Bandido, Sem Piedade e O Moinho do Pó, do biênio 1946-48. Ana (1951), com Silvana Mangano no duplo papel de freira e mulher sensual, disparate típico de Lattuada. Como em A Noviça Proibida (1960), com Pascale Petit, e O Pecado (1971), com Sophia Loren. Suas ninfetas mais famosas foram Jacqueline Sassard de Guendalina (1957); Catherine Spaak, de Amantes e Adolescentes (1960); e Clio Goldsmith, em La Cicala (1980). Em 1970, Lattuada fez o sucesso Venha Tomar Um Café Conosco, com Ugo Tognazzi como o professor solitário que se torna amante das vizinhas, três irmãs tão sem graça quanto insaciáveis.

Lattuada veio ao Brasil três vezes. Na última, em 1975, disse que o cinema precisa de clima histórico, político e social para reagir à realidade. Foi o que, segundo ele, fez a grandeza do neo-realismo italiano.




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