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Dona Benta com orgulho
Márcio Maio
Da TV Press
30/05/2007 | 07:06
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Interpretar a Dona Benta no Sítio do Picapau Amarelo, da Globo, tem um significado especial para Bete Mendes. Em quase 40 anos de carreira – seu primeiro trabalho profissional foi no teatro, em 1968, na peça A Cozinha –, a atriz nunca tinha feito algo específico para o público infantil.

PERGUNTA: Você emendou o Sítio do Picapau Amarelo com a novela Páginas da Vida. O que motivou sua decisão de aceitar o convite?
BETE MENDES: Vou fazer uma comparação que parece estranha, mas não é. As histórias do Harry Potter são fantásticas. A escritora inglesa J.K. Rowling se tornou um dos maiores sucessos do mundo depois que descobriu como trabalhar essa ingenuidade. Não tiro o mérito dela, mas o Monteiro Lobato é maior, porque conta a nossa história, a nossa memória. E tem essa mesma ingenuidade, com personagens em relações saudáveis.

PERGUNTA: Que tipo de relações?
BETE MENDES: Normais, de família e amizade mesmo. Não existem seres superiores poderosos, a solução está sempre no amor. As crianças de hoje em dia não sabem mais o que é um estilingue, não brincam como antes. Vejo a Emília como uma das criações mais fantásticas da história mundial. É uma menina crítica, charmosa e de pano, um material simples. O Sítio do Picapau Amarelo é um dos poucos programas que resgatam isso.

PERGUNTA: Essa é a primeira obra infantil de sua carreira. O que você está achando dessa mudança?
BETE MENDES: Tudo que é novo traz motivação. Eu estou empolgada e feliz. Como grande parte da população brasileira, eu lia os textos do Monteiro Lobato desde pequena e era apaixonada por suas obras. O considero um dos maiores autores do mundo não só para as crianças, mas para todo o imaginário do público em geral. O nosso país tem mitos lúdicos e fantásticos como Cuca, Caipora, Mula-sem-cabeça, Saci-Pererê, entre vários outros, e ele trabalha bem esse tipo de literatura. Além disso, tem essa relação linda da avó com seus netos e com a Tia Anastácia. Eu enxergo no Sítio do Picapau Amarelo um imenso Brasil, já que explora uma riqueza de gostos e de comportamento. A cultura indígena, espanhola, portuguesa, escrava, enfim, está tudo refletido ali.

PERGUNTA: Você é a quinta Dona Benta da TV. Como foi o trabalho de composição com tantas referências?
BETE MENDES: Cada atriz tem sua forma de trabalho. Gostei de todas que interpretaram, principalmente a Zilka Salaberry. Mas como a idéia é se prender ao máximo ao texto original, me recordei da Dona Benta que conheci através do livro. É claro que foi tudo muito rápido, não deu para fazer uma pesquisa profunda, mas se o texto segue essa linha, é melhor usar essa estratégia.

PERGUNTA: Você foi musa na década de 60. Como é a sensação de se transformar em Dona Benta?
BETE MENDES: Me orgulho de tudo na minha carreira e acho que tive uma trajetória muito bonita. Nesse tempo eu já fui musa, namoradinha do Brasil, mamãe, titia e, agora, sou vovó. Sei que nem todo mundo lida bem com isso, mas acho lindo viver a vida no tempo certo. Ninguém fica jovem para sempre, a gente envelhece, acontece com todo mundo. Tive um problema de saúde sério que não me deixou ser mãe. Fico feliz porque agora começa o meu prazer de viver a vovó exemplar na TV.



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