Economia Titulo Luz
Impostos e térmicas encarecem energia
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
03/11/2008 | 07:04
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Nos últimos cinco anos a conta de luz ficou 270% mais cara, afirma Ricardo Lima, presidente-executivo da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres). Segundo Lima, o que encarece a conta são os encargos, tributos e a fonte energética.

"Nos últimos leilões, 80% da energia ofertada são provenientes de termoelétricas (que podem ter como combustível gás natural, diesel e carvão mineral)", conta. Além de poluir mais o meio ambiente e contribuir com o efeito estufa, "essa energia é até cinco vezes mais cara do que a oriunda de hidrelétricas", diz Lima.

Conforme explica o executivo, a alta quantidade de energia termoelétrica se deve à demora no licenciamento ambiental e no inventário de hidrelétricas. "Além disso, em períodos de seca de chuvas, as termoelétricas têm de ser acionadas para complementar o fornecimento de energia".

Com isso, o consumidor pagou a mais, somente de janeiro a julho deste ano o total de R$ 1,7 bilhão. "Em julho, a propósito, houve um reajuste de 5,8% no valor da conta de luz. Desses, 1,2% foi por conta das usinas termoelétricas", revela.

O restante refere-se a impostos. O setor energético é um dos que mais arrecada com o pagamento de encargos e tributos. "Se continuar assim, o crescimento do País será seriamente comprometido. Em 2015, o PIB (soma das riquezas produzidas) será 7% inferior", alerta.

Estudo - A consultoria Ernst & Young e a FGV (Fundação Getúlio Vargas) desenvolveram em parceria o levantamento "Brasil Sustentável - Desafios do Mercado de Energia", que coloca o Brasil como o sétimo maior mercado consumidor de energia em 2030, com um consumo de 468,7 milhões de tep (toneladas equivalentes de petróleo).

Hoje, o País ocupa a 11ª posição, com consumo de 223,2 milhões de tep. O levantamento aponta que, para atender o crescimento da demanda brasileira de energia nos próximos 22 anos, estimado em 3,3% ao ano, serão necessários investimentos de US$ 750 bilhões.

Para dar conta da demanda o País precisa explorar mais sua principal matriz energética, a hidrelétrica, cujo potencial só foi explorado cerca de 30%, além de diversificar sua produção energética.

"Hoje existe uma alta concentração das compras de energia elétrica de um único país produtor. Em 2030, haverá um desenvolvimento de fornecedores alternativos", explica Fernando Garcia, pesquisador da FGV Projetos. "E o Brasil deve buscar não centrar na oferta de gás natural da Bolívia e da energia elétrica do Paraguai (de Itaipu)".

Segundo Garcia, a pressão ambiental é séria e deve colocar novos desafios no futuro. "Hoje temos elevada participação de combustíveis fósseis, mas nas próximas duas décadas deverá haver uma busca pela ampliação de combustíveis renováveis", diz o pesquisador.

No Brasil, ele lembra que não temos uma rede de fornecimento. Na região Norte, por exemplo, predominam as termoelétricas porque não há rede interligada.

Energia e petróleo conduzem crescimento

"Os preços da energia e do petróleo conduzem o crescimento econômico de um país", afirma José Carlos Pinto, diretor da Ernst & Young.

Segundo o estudo desenvolvido em parceria com a FGV Projetos, em 2030 o petróleo será mais caro do que há 20 anos, quando o barril era vendido a U$S 20.

"Se for vendido a esse preço, inviabilizará a busca e o investimento por fontes alternativas de energia", justifica Fernando Garcia, pesquisador da FGV Projetos.

Nos próximos 22 anos o combustível fóssil deverá custar em torno de US$ 60, estima Garcia, valor que permite um equilíbrio para o desenvolvimento de fontes renováveis, como o álcool.

"Essa alta de U$S 147 nas últimas semanas não existe. Foi uma especulação exagerada", explica Garcia.

Em 2030, o Brasil será o sexto maior consumidor de petróleo, com 3.755,7 barris por dia, de acordo com perspectiva da FGV.




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