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Queixas de ministro da Previdência provocam crise
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14/01/2005 | 15:42
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As reclamações públicas do ministro da Previdência Social, Amir Lando, contra o processo de fritura do qual é vítima abriram na quinta-feira uma crise política dentro do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não escondeu o aborrecimento pelas queixas de Lando, que afirmou que há grupos dentro do governo “empenhados em derrubá-lo do cargo por causa de sua batalha contra as fraudes na Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social).”

No fim da tarde, Lula cobrou explicações dele, em reunião no Palácio do Planalto, com a participação do chefe da Casa Civil, José Dirceu. Por conta do impacto dessas queixas públicas, até representantes da cúpula governista do PMDB dão como certa a demissão de Amir Lando na reforma ministerial que o presidente deverá fazer até o fim de janeiro.

Segundo um ministro com trânsito no gabinete presidencial, Lula está aborrecido com Lando por ele ter acusado o Planalto de promover a “fritura”. Pior, acrescenta o ministro, é que Lando ainda teria afirmado em conversas públicas que a “fritura vinha do Japão”. A interpretação do Planalto foi a de que o senador estava se referindo ao ministro da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken (PT). Com isto, o interlocutor de Lula acredita que Lando comprou uma briga com quem não devia e sairá derrotado. Em resumo, abriu um flanco para ser derrubado pelo governo.

Apesar do clima ruim, a aposta geral é de que o presidente não vai precipitar nos próximos dias a demissão de Lando. Como a substituição de Lando é uma questão partidária e envolve todo um xadrez político, os líderes do PMDB avaliam que o ideal é que seja tratada no contexto mais amplo da reforma. Mas com a fala mais forte, Lando perdeu boa parte do apoio que tinha dentro de seu partido para se manter no cargo.

Embora o próprio presidente tenha dito aos senadores do PMDB que o partido merecia ter sua participação no governo ampliada, a direção partidária vê com reservas a possibilidade de troca. O objeto de desejo dos peemedebistas sempre foi o ministério das Cidades. Mas a cúpula governista agora revê suas pretensões, convencida de que o ministro Olívio Dutra (PT) certamente deixará sua equipe, repleta de petistas, de herança para o sucessor.

Neste caso, os peemedebistas avaliam que o problema é que o novo ministro terá pouco tempo para dominar a máquina e produzir resultados. Afinal, raciocinam, até que consigam “despejar” os petistas e pôr o ministério para funcionar com técnicos de sua confiança e a seu estilo, 2005 terá acabado. Aí restarão apenas seis meses até que os políticos sejam forçados a deixar o governo para disputar as eleições de 2006.

O entendimento geral é de que meio ano é muito pouco para um partido imprimir sua marca em um ministério e colher dividendos eleitorais de seu trabalho. Por isto, um dirigente peemedebista adianta que, se o presidente Lula der ao partido e ao ministro das Comunicações, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), a possibilidade de escolher entre uma nova Pasta e a atual, a tendência é a de ficar tudo como está.



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