Setecidades Titulo
Estratégia preventiva é defesa de concessionárias contra enchentes
Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
13/01/2005 | 12:40
Compartilhar notícia


A experiência acumulada ano após ano com as enchentes (ou o risco iminente delas) na divisa de São Caetano com o bairro Heliópolis, na capital, levou as concessionárias de veículos estabelecidas na entrada do município do Grande ABC a pensarem numa maneira de minimizar os prejuízos com as chuvas. Em situações como a de terça-feira, funcionários das cinco lojas existentes no quarteirão formado pela avenida Guido Aliberti e pelas ruas Baraldi e Alagoas colocam em prática uma força-tarefa, iniciada assim que o céu começa a escurecer. A estratégia dá certo. Embora o local tenha ficado quase que inteiramente submerso na quarta, as empresas não perderam um veículo sequer.

A concessionária da General Motors Primarca é a mais vulnerável de todas. A loja fica a poucos metros do ribeirão dos Meninos, onde está em andamento a construção de um piscinão com capacidade para represar até 234 mil m³ de água, obra de responsabilidade do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), ligado ao governo estadual. Quando o ribeirão transborda, como ocorreu na terça-feira, as dependências da loja dificilmente escapam da inundação. Mas a estratégia de prevenção deixa a salvo toda a frota exposta para venda, de acordo com o gerente de vendas da Primarca, Edvaldo Piotto.

“Assim que percebemos os primeiros sinais de chuva, um funcionário é encaminhado para a outra ponta da Guido Aliberti, próximo ao Rudge Ramos (São Bernardo)”, conta. “Ali, ele observa a velocidade com que o nível da água sobe, e nos avisa pelo celular se haverá ou não enchente.”

Na terça-feira, o esquema mais uma vez deu certo. Em menos de 30 minutos, os 90 carros expostos para venda foram removidos para o pátio situado atrás da concessionária. O local foi propositalmente construído numa altura mais segura do que a da loja, e está protegido por uma comporta. “Só não dá certo se nos distrairmos”, completa o gerente Piotto.

Propaganda negativa – quarta-feira pela manhã, alguns funcionários calçavam galochas e terminavam de limpar o espaço, que ficou repleto de lama depois que a água abaixou. “O problema é que as enchentes daqui são tão divulgadas que os clientes não aparecem por acreditarem que os carros que vendemos estão estragados”, afirmou o gerente de vendas.

Observação semelhante é feita pelo gerente comercial Marco Antônio Corrêa, que trabalha na concessionária Renault Itavema France. Ele afirma que quando ocorrem enchentes a loja fica “uns quatro ou cinco dias” sem vender. “Houve até pessoas que compraram carros conosco mas ainda não os retiraram, e ligaram hoje (quarta) para saber se estava tudo bem com o veículo.” O único problema nessas ocasiões é ficar ilhado, sem poder sair da loja, segundo Corrêa. “Mas não há como a água nos atingir por causa da edificação, a 1,5 m do asfalto.”

Vendedor da concessionária Ford Mix, Sérgio Brambella lembra que a pior enchente que houve no local, ao longo dos 45 anos de existência da loja, ocorreu há quatro anos. Foi no dia 12 de janeiro de 2001. “A de terça-feira foi quase no mesmo dia. Se eu pudesse, tiraria esses dias do calendário”, brinca. De acordo com Brambella, na quarta-feira apenas um cliente que havia estacionado o carro na parte de fora da loja foi prejudicado. O Palio que dirigia acabou sendo coberto pela água da chuva. “Avisamos a todos que estavam aqui para tirarem o carro da parte baixa do bairro porque já estamos acostumados. Mas esse cliente se distraiu, e teve de esperar a água abaixar trancado conosco aqui na loja.”



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;