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Apesar do coronavírus, bancos seguem cheios

Idosos, deficientes e pessoas de baixa renda vão às unidades receber salário e pagar contas

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
02/04/2020 | 00:01
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Claudinei Plaza/DGABC


Mesmo em tempo de coronavírus, onde a ordem é ficar em casa, bancos e lotéricas mantêm fluxo de pessoas, ainda mais no início de mês, quando beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) recebem seus salários e pagam suas contas. Em sua maioria, idosos, deficientes e pessoas de baixa renda que dependem de transporte público.

Não se pode dizer que não houve nenhuma redução no movimento diário, que chega ao máximo em 15%, aproximadamente, segundo o sindicato dos trabalhadores. Mas, ainda assim, o número de pessoas que vão presencialmente às agências assusta por causa da epidemia da Covid-19 no País. “Há picos de maior e menor aglomeração. Mas, dentro do calendário de pagamentos, são centenas de pessoas que recebem e se deslocam até a unidade bancária. Em nossa região, embora o sindicato tenha reforçado esforços para que não ocorra tais aglomerações, como colagem de cartazes nas agências com informações para as pessoas usarem os canais alternativos e documento protocolado no Consórcio (Intermunicipal do Grande ABC) e nas sete prefeituras pedindo, entre outros pontos, que o município aja e faça também campanhas de conscientização, as pessoas ainda vão até as agências”, explica Gheorge Vitti, secretário-geral do Sindicato dos Bancários do ABC.

O aposentado Nilson Ramos, 62 anos, de Santo André, não realiza seus pagamentos por meio de sites ou aplicativos, por isso, precisa mensalmente ir ao banco receber seu benefício. “Sei que não devemos sair de casa, mas só eu posso sacar meu dinheiro. Então, estou indo de carro, cuidando da minha higiene e não saindo de casa para qualquer outra coisa. Hoje (ontem), inclusive, como precisei ir ao banco, aproveitei e já comprei algumas coisas no mercado. Ao menos por uma semana não preciso sair.”

Já quem tem disponibilidade, recorre à família, como é o caso da professora aposentada Nilda Vivan Trazzi, 79. “Meu filho, que mora comigo, é quem está indo ao banco, inclusive para pagar meu convênio, já que não tenho acesso à internet em casa e pago mediante boleto. O mesmo acontece para ir ao mercado.” Apesar de estar bem de saúde, a idosa não quer arriscar e, quando o filho chega da rua, a regra é clara: “Ele toma banho e passamos álcool em tudo o que traz para dentro de casa”, explica ela, até como recomendação.

Como medida preventiva, os atendimentos nas agências mudaram de horário: das 9h às 10h a prioridade são os idosos e das 10h às 14h os bancos têm feito contigenciamento nas entradas. “Fora das unidades as pessoas insistem em se manter aglomeradas, sem cumprir o distanciamento recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúide) e pelas autoridades públicas ligadas à esfera da saúde (em torno de 1,5 metro)”, completa o dirigente sindical. 

CUIDADOS - O médico sanitarista Davi Rumel, docente do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), explica que a melhor medida de prevenir a doença é não saindo de casa, fazer uso da internet e adiar o que pode ser adiado. Do contrário, a primeira regra é lavar as mãos e se higienizar para sair de casa. “Assim, você cuida do próximo e não contamina ninguém, caso esteja infectado.” Se a pessoa estiver com coriza, gripe, problemas respiratórios em geral o melhor é pedir que alguém faça as coisas na rua, do contrário, máscara deve ser usada. “Ao voltar para casa, não entre com os sapatos, tire-os e limpe-os. As roupas devem ser colocadas para lavar imediatamente e a pessoa deve ir ao banho, sem tocar em nada, e higienizar, inclusive, os cabelos.” Dar espaço entre as pessoas também é atitude consciente e preventiva, assim como não levar as mãos ao rosto, cabelo e olhos. “Álcool em gel não susbstitui água e sabão”, aconselha Rumel. 

No Grande ABC há 400 agências e 5.500 bancários. Algumas unidades foram fechadas. Já 28 agências do Santander e unidades do Bradesco adotaram horários reduzidos e de revezamento de funcionários, tanto para preservar clientes quanto trabalhadores. 




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