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Festival de Cinema de Locarno tem seus vencedores

Coreano ‘Right Now, Wrong Then’ é o grande ganhador; brasileiro leva prêmio especial

Rui Martins
18/08/2015 | 07:00
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Divulgação


 A filmagem de uma cantada em jovem solitária sul-coreana, apreciadora de vitamina de leite com banana, na cidade de Suwon, por um cineasta bebedor de sojun, considerado mulherengo, ganhou o Leopardo de Ouro, no encerramento do 68º Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça.

O título do filme do realizador Hong Sang-Soo em inglês, Right Now, Wrong Then – o que equivale à tradução Certo Agora, Errado Antes – tem uma explicação: a cantada e o que se passa entre os dois mereceram duas filmagens ou versões simetricamente iguais, mas com ligeiras variantes. Na segunda versão, tanto a jovem cantada como o cineasta procedem a correções no diálogo e algumas cenas são acrescentadas.

Hong Sang-Soo já havia recebido um Leopardo de Prata, há dois anos em Locarno, com Our Sunhi. Seu estilo de filme, o diálogo entre os personagens, lembra o do francês Eric Rohmer, mas sem a mesma força. O personagem autor da cantada deu ao artista que o interpreta, Jung Jae- Young, o prêmio de melhor ator.


OUTRAS PREMIAÇÕES
O eterno choque vivido pelos religiosos entre o corpo e seus instintos, considerados malsãos, e o espírito. Este o tema central do filme israelense Tikkun, do cineasta Avishai Siva, merecido Prêmio Especial do Júri. Um contudente libelo contra o beatismo e a carolice religiosa, que podem se manifestar em qualquer crença, no caso entre judeus ortodoxos ou hassídicos, vertente do judaismo ligada no misticismo, de origem ucraniana e polonesa asquenaze, oposta ao judaismo intelectualizado e acreditando nas manifestações malignas e no contato do homem com Deus. O drama é vivido por Haim-Aaron, frequentador assíduo da yeshivá, filho de um açougueiro kosher.

O filme, em preto e branco, ressalta a roupa branca de Haim-Aaron com seu rosto magro e seus payots (espécie de costeletas nunca cortadas que se tornam cachos enrolados pendentes), seu chapéu preto ou sua kipa e todos balançando corpo e cabeça na leitura dos gestos sagrados da torá.

Segundo longa da brasileira Petra Costa (Elena) e primeiro da dinamarquesa Lea Glob, Olmo e a Gaivota – que estreia no Brasil em 5 de novembro – também foi premiado. Exibido na seção Cineastas do Presente, o filme brinca com a fronteira entre documentário e ficção, ao contar a história de Olivia, atriz que se prepara para a peça A Gaivota, de Anton Tchekov. Quando o espetáculo começa a tomar forma, Olivia e seu companheiro Serge, que se conheceram anos antes, descobrem que ela está grávida.

O longa tem nova virada quando o que parecia ser encenação revela-se como a própria vida. Ou seria o inverso? Esta investigação do processo criativo nos convida a questionar o que é real, o que é imaginário e o que celebramos e sacrificamos em nossas vidas.

Rui Martins esteve em Locarno, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.




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