Israel continua realizando nesta quinta-feira operações militares nos setores autônomos da Cisjordânia, diante do temor de novos atentados palestinos, enquanto os diplomatas fazem vários contatos para tentar uma solução pacífica. Na noite de quarta-feira para quinta, o Exército entrou em Hebron, Sul da Cisjordânia, prendendo quatro palestinos, dois deles membros do movimento muçulmano Hamas.

A polícia israelense afirmou estar em alerta máximo e realizar vários controles na entrada das principais cidades de Israel, em prevenção de possíveis ataques palestinos. Cerca de vinte veículos blindados, tanques e jipes, apoiados por helicópteros de combate, invadiram a cidade, abandonando-a de manhã, segundo informaram testemunhas e a segurança palestina.

Enquanto isso, outros seis palestinos foram capturados durante um ataque do Exército ao povoado de Rarum, ao Sul de Tulkarem. Ao mesmo tempo, o Exército continuou pelo quarto dia consecutivo suas operações em Belém e no acampamento de refugiados de Dheishe, no limite da cidade.

Apesar destas operações bélicas, uma série de ações diplomáticas foram iniciadas para tentar reativar o processo político entre israelenses e palestinos. Segundo o jornal Yediot Aharonot, na quarta-feira à noite, o presidente egípcio Hosni Mubarak convocou o ministro israelense da Defesa Binyamin Ben Eliezer "para manifestar sua inquietação com o aumento dos atentados palestinos em Israel e (para buscar) meios de restabelecer a calma na perspectiva de uma reativação das discussões para um arranjo político".

Na quinta-feira, Mubarak se encontrou no Cairo com o secretário de Estado adjunto encarregado do Oriente Médio, William Burns, que tinha afirmado no dia anterior que seu país quer reativar o processo político para chegar a uma solução sobre a base de dois Estados (palestino e israelense), apoiar a construção de fortes instituições palestinas e garantir a eficácia dos serviços de segurança palestinos.

O diretor da CIA George Tenet, esperado para segunda-feira em Israel e nos territórios palestinos, segundo uma fonte diplomática em Tel Aviv, deve ajudar a reorganização dos serviços de segurança palestinos, acusados de ineficácia na luta contra os autores dos atentados antiisraelenses.

Depois de seu encontro com Mubarak, a autoridade americana afirmou que "é hora de todos nós fazermos grandes esforços para restaurar um sentimento de esperança", ao mesmo tempo que advertia sobre a dificuldade da tarefa.

O Alto representante europeu para Política Externa, Javier Solana, por sua vez, começou no Cairo uma viagem regional de uma semana para "explorar (...) as possibilidades de reunir uma conferência internacional" para reativar o processo de paz, segundo a União Européia.

Osama al-Baz, conselheiro de Mubarak, também deve se reunir em Jerusalém com dirigentes israelenses, em particular com Sharon e Ben Eliezer e com o chefe da diplomacia Shimon Peres, antes da visita do chefe de Estado egípicio aos Estados Unidos, na próxima semana.

O chefe da diplomacia alemã Joschka Fischer, por sua vez, deve se reunir na quinta-feira com Yasser Arafat, no segundo dia de visita a Israel e aos territórios palestinos.

Paralelamente a estes esforços diplomáticos, encontra-se em Israel uma equipe de autoridades americanas do primeiro escalão, dirigidas pelo subsecretário de Estado para Defesa Doug Feith, para discussões estratégicas em matéria militar.