Política Titulo
Censura ao 'Estado' agrava situação de José Sarney
Por
02/08/2009 | 07:06
Compartilhar notícia


A decisão judicial que proibiu o jornal O Estado de S.Paulo de publicar reportagens sobre a investigação da Polícia Federal contra Fernando Sarney foi repudiada por senadores. Na avaliação dos parlamentares, o caminho adotado pela família Sarney de censurar o jornal só agrava a situação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mergulhado em denúncias de nepotismo, envolvimento em atos secretos e desvio de verbas da Petrobras.

"O homem da transição democrática agora comete um ato da ditadura. Ele perdeu seu último argumento. Isso é terrível. O presidente Sarney tem de renunciar", disse Pedro Simon (PMDB-RS).

Anteontem, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, pôs o Estado sob censura. Em liminar, ele impede o jornal de publicar as conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal, com autorização judicial, que mostram, entre outras coisas, Fernando Sarney discutindo com o pai a contratação do namorado da neta do senador por meio de ato secreto no Senado.

Para o petista Eduardo Suplicy (SP), a decisão da Justiça fere princípios constitucionais. "A Constituição assegura a liberdade de imprensa, sobretudo àqueles diálogos gravados com autorização judicial. É um direito da população ser informada pela imprensa sobre diálogos que ferem a ética", disse.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) considera "inadequado" o caminho encontrado pelo clã dos Sarney. A situação política do senador, segundo ele, se complica ainda mais com a censura imposta pela Justiça. "Isso agrava a situação dele. Não vejo o Senado votando mais. Não vai mais funcionar", afirmou. "Esse caminho pela Justiça é um retrocesso terrível e injustificável. O Estado já viveu essa situação em plena ditadura, mas hoje isso não pode acontecer, a não ser que o Sarney se considere um homem incomum, como diz o presidente Lula", afirmou.

O jornal revelou ontem que o desembargador Dácio Vieira é do convívio social do senador José Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. O registro está numa foto do dia 10 de junho: Vieira, Sarney e Agaciel aparecem juntos no casamento da filha do ex-diretor.

O desembargador trabalhou na Gráfica do Senado durante o período em que Agaciel foi diretor deste departamento. É também ex-consultor jurídico do Senado.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também condenou o caminho adotado pela família Sarney para tentar abafar a onda de denúncias. "O que o presidente Sarney deveria fazer é dar suas razões e se defender. O que ele não deveria é tentar censurar o Estado e o restante da imprensa", avaliou. "Isso vai prejudicá-lo ainda mais."




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;