Economia Titulo INSS
Aposentado está mais endividado em 2018

Dados do INSS mostram que valor de crédito consignado cresceu 12,22% em relação a 2017

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
17/11/2018 | 07:37
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Os aposentados e pensionistas do Grande ABC estão mais endividados neste ano do que em 2017. É o que demonstram dados das seis agências da Previdência Social da região (a unidade de Ribeirão Pires também inclui os segurados de Rio Grande da Serra), com 739.840 contratos de empréstimos consignados até setembro, aumento de 2,9% em relação ao mesmo período de 2017. Já os valores pagos por conta das operações aumentaram em 12,22% e somam atualmente R$ 2,5 bilhões.

O total destinado aos empréstimos praticamente dobrou em relação ao dos benefícios, que tiveram acréscimo de 6,92% – passando de R$ 816,9 milhões em 2017 para R$ 873,5 milhões neste ano. Os dados foram levantados pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) a pedido do Diário.

De acordo com o diretor de políticas públicas da Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antônio Ferreira Rodrigues, isso demonstra que a maioria dos segurados está renegociando as dívidas ou não consegue arcar com o valor das mesmas, por isso o montante em reais aumentou mais do que o número de contratos.“Muitos aposentados já estão comprometidos com o consignado, então não possuem nem margem para conseguir pegar um novo crédito. Então, este aumento de valor é fruto de dívidas que estão sendo renegociadas e eles vão aumentando o prazo e, consequentemente, o valor final. Os aposentados estão cada vez mais endividados”, afirmou.

Já os pedidos de aposentadorias ou pensões aumentaram em 4,24% e totalizam 467.381 na região – eram 448.359 em 2017. É importante lembrar que o número de contratos de crédito não corresponde, necessariamente, ao de segurados que possuem empréstimos, já que um aposentado ou pensionista pode ter mais de um crédito ativo, enquanto outro pode não ter nenhum.

“Muitos aposentados ajudam filhos e netos, que acabaram perdendo o emprego e ainda não se encontram em situação financeira confortável. Em alguns casos, eles ainda são a única renda da família ou uma parte importante da mesma, e acabam sendo obrigados a recorrer ao empréstimo. É preciso ficar atento, porque apesar de ser uma linha de crédito mais em conta e mais fácil de se obter, ela não deve ser escolhida por impulso”, explicou o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

Segundo o diretor da associação, a tendência é a de que a situação de endividamento dos aposentados se agrave. Isso por conta dos gastos do idoso, principalmente com remédios e plano de saúde, além das contas da casa.

“A nossa expectativa é a de que o reajuste no benefício fique entre 1,8% e 2,5% no ano que vem. Não deve passar disso. Quando consideramos o aumento principalmente do convênio, da inflação e dos preços do remédio, vemos que esta conta não fecha. Os meses vão passando e a tendência é a de que o aposentado não consiga arcar com este valor. Se somarmos com as despesas como aluguel e compras, a situação tende a ficar ainda mais complicada”, lamentou Rodrigues.  




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