O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), protocolou ontem na Câmara projeto para desfiliar a cidade do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Caso os vereadores aprovem o texto, será o segundo município a deixar a entidade regional – no ano passado, Diadema decidiu abandonar o colegiado.

O pedido confirma especulação que se criou em abril, quando Auricchio sancionou medida aprovada pela Casa de zerar a transferência ao Consórcio – o município repassava R$ 1,2 milhão. À época, o chefe do Executivo alegou que não havia interferido no debate na Câmara. Desde então, o tucano também decidiu se ausentar de assembleias mensais entre prefeitos para discutir problemas regionais.

Na justificativa enviada aos vereadores, Auricchio, que presidiu o Consórcio em 2009, declarou que o valor que São Caetano destinava ao colegiado trazia “pouco ou quase nenhum retorno”. O prefeito alegou ainda que “São Caetano tem participado de discussões com outros prefeitos visando estabelecer outras formas de atuação conjunta para o desenvolvimento regional”.

Líder do governo Auricchio na Casa, Tite Campanella (PPS) sustentou que o município foi beneficiado com “pouquíssimos” recursos articulados pelo Consórcio. Houve crítica também à aplicação do dinheiro. “O modelo do Consórcio por si só está esgotado. A forma como foi constituído para ser ente público, eu, particularmente, não concordo. Interlocução com todos os prefeitos é válida, mas não da maneira como é hoje”, disse. “Precisa ser mais leve, dinâmica, não tão pesada.”

Secretário executivo da entidade, Tunico Vieira (MDB) rebateu os questionamentos de Tite. Garantiu que as despesas estão detalhadas no Portal da Transparência do Consórcio e lembrou que o prefeito Luiz Tortorello (PTB), que patrocinou a primeira vitória política de Auricchio, em 2004, foi um dos criadores do Consórcio ao lado de Celso Daniel (PT), de Santo André, em 1990.

“O Consórcio tem papel de articulação insubstituível. O Tortorello idealizou, junto com o Celso, numa discussão que até hoje está presente, que é a destinação final dos resíduos sólidos. A importância do Consórcio, o pioneiro do País, se sobrepõe a qualquer estada de um chefe do Executivo”, pontuou. “Acredito no diálogo e estou à disposição para qualquer esclarecimento. Eu, particularmente, não fui notificado desta decisão.”

Pelo cronograma inicial, o pedido será avaliado pelos parlamentares em sessão extraordinária no dia 27.

Além de Diadema, Rio Grande da Serra aprovou projeto para se retirar do Consórcio. Porém, o prefeito Gabriel Maranhão (sem partido) não efetivou a desfiliação.