O uso da tecnologia diminuirá o impacto ambiental na construção do Trecho Leste do Rodoanel, obra que teve início em agosto do ano e tem previsão para ser inagurada em março de 2014. Uma das soluções encontradas pela concessionária SPMar, responsável pelo empreendimento, é o reaproveitamento de todo o material proveniente das escavações e explosões para a abertura do Túnel Santa Luzia, em Ribeirão Pires. A passagem terá 1.080 metros, dois sentidos e custará R$ 196 milhões. Ao todo, o segmento Leste está orçado em R$ 2,8 bilhões.

A empresa estima que a quantidade de pedra e terra retirada da antiga pedreira por onde passará o túnel chegue a 950 toneladas. Todo esse material será utilizado na produção de concreto, pavimentação e construção de taludes de contenção ao longo da rodovia. Sem o reaproveitamento, os recursos teriam de ser extraídos de outro local, o que causaria ainda mais danos ambientais.

O diretor de engenharia da SPMar, José Alberto Bethônico, afirma que, além dos benefícios ambientais, o reúso dos materiais também oferece ganhos logísticos e financeiros. “Se fôssemos levar embora, teríamos que pagar para colocar em um bota-fora. Sem falar que, com isso, menos caminhões irão circular pelo Trecho Sul e pelas cidades vizinhas ao Leste”, comenta. A concessionária estima que 17.500 viagens de veículos pesados deixarão de ser feitas por conta da reutilização.

Outra inovação é a construção de viaduto com tecnologia marítima, o que também reduzirá o desmatamento (leia mais na reportagem ao lado). Apesar de falar em redução do impacto, a concessionária ainda não tem estimativa de percentual, já que o número será fechado apenas depois que todas as licenças ambientais tiverem sido emitidas pela Cetesb. As autorizações são dadas por trechos, conforme o andamento da obra. Relatório técnico da companhia estima que a área diretamente afetada seja de cerca de 69 hectares, sendo 31 ocupados por usos urbanos e o restante com vegetação de várzea e florestas.

Com 43,5 quilômetros, o Trecho Leste do Rodoanel irá passar pelas cidades de Mauá, Ribeirão Pires, Suzano, Poá, Arujá e Itaquaquecetuba. A rodovia fará a ligação da saída do Trecho Sul, em Mauá, com as rodovias Henrique Eroles (SP-066), em Suzano, Ayrton Senna (SP-070), em Itaquaquecetuba, e Presidente Dutra (BR-116), em Arujá. Atualmente, estão em funcionamento 89 quilômetros do anel viário, entre os trechos Sul e Oeste.

Rodovia terá segunda maior ponte do Brasil

O Trecho Leste do Rodoanel terá a segunda maior ponte do País, com cerca de 12 quilômetros. A maior, atualmente, é a Rio-Niterói, que tem aproximadamente 13 quilômetros de extensão.

Dos 12 quilômetros, oito serão feitos pelo método chamado encontro leve estruturado, enquanto o restante será construído com técnica convencional. Na construção do elevado será utilizado mesmo método para pontes marítimas, com quatro equipamentos que cravam as estacas por cima, sem que as equipes tenham de se deslocar pelo solo. Com isso, a concessionária SPMar estima diminuir em 95% o impacto ambiental causado na área da ponte, que terá altura média entre quatro e sete metros e ficará em Suzano.