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As novas de Orlando
Por Heloísa Cestari
Enviada à Flórida
07/07/2011 | 07:00
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Orlando tem vocação inata para inventar e reinventar-se a cada ano. O primeiro a vislumbrar este talento para a diversão foi o visionário Walt Disney. Quando o magnata decidiu estender o seu reino da magia para além dos domínios californianos, esse pedaço da Flórida não passava de um imenso pântano. Com a inauguração do império de Mickey Mouse em 1971, no entanto, tudo começou a acontecer. Dois anos depois, quase que no vácuo, foi aberto o SeaWorld, recheado de animais marinhos. A Disney se reforçou. Nasceram Epcot Center, o MGM e suas atrações de cinema. Em 1990, Steven Spielberg entrou na jogada com a Universal Studios e suas pavorosas montanhas-russas. Os parques menos radicais tiveram de incrementar as atrações com doses extras de adrenalina para competir com o diretor de Tubarão... Logo depois, veio a era dos animais: para concorrer com o SeaWorld, a Disney criou o Animal Kingdom, ao que a rival respondeu com o Discovery Cove, um lugar para mergulhar com golfinhos.

Resultado? Passadas quatro décadas, a cidade é hoje a mais visitada dos Estados Unidos - recebe 40 milhões de turistas por ano, entre eles 50 mil brasileiros - e soma números impressionantes, com cerca de 500 hotéis, mais de 50 mil restaurantes e outlets que convencem até o mais econômico dos turistas a abrir a carteira em rompantes consumistas.

E se concorrência fortalece a fama do conjunto da obra, nada mais natural que os complexos se revezem - veladamente, é claro - na tarefa de surpreender os visitantes com novidades bombásticas a cada temporada de verão, quando os parques fervilham em todos os sentidos.

Há dois anos, o American Idol Experience atraiu os holofotes ao convidar os visitantes do Disney's Hollywood Studios a se apresentarem em público - embora as montanhas-russas do SeaWorld e da Universal tenham contribuído no esforço conjunto de alavancar o turismo em meio à crise econômica internacional. No ano passado, foi a vez do parque Islands of Adventure, da Universal, roubar a cena com a abertura do espaço The Wizarding World of Harry Potter. E nestas férias, o item surpresa promete ficar a cargo do SeaWorld Parks & Entertainment, que acaba de inaugurar duas mega-atrações: a montanha-russa Cheetah Hunt, que simula a corrida de um guepardo no Busch Gardens, em Tampa, e o Grand Reef, no Discovery Cove, onde o turista poderá mergulhar com uma espécie de escafandro para percorrer uma trilha submarina na companhia de tubarões, arraias e peixes-leão.

O Diário viajou para a Flórida e testou a Cheetah Hunt na sua primeira noite de funcionamento. Aperte os cintos e confira a seguir as impressões de uma repórter pouca afeita à velocidade.

(A jornalista viajou a convite do SeaWorld Parks & Entertainment e da TAM)

 

Prepare-se para ir de zero a Cheetah

 

Em vez de armar emboscadas ou andar em grupos, o guepardo aposta na velocidade para caçar suas presas. E bota velocidade nisso! Considerado o mais rápido de todos os animais terrestres, ele acelera de zero a até 120 km/h em questão de segundos. Para tanto, conta com toda uma aerodinâmica natural. As almofadas das patas têm ranhuras que lhe permitem tracionar sem perder a elegância mesmo quando está num de seus piques. Sua longa cauda dá estabilidade nas curvas bruscas. A cabeça pequena e a coluna incrivelmente flexível também ajudam bastante na hora da perseguição. Mesmo assim, o corpo esguio faz muita gente ter a impressão de estar à frente de um frágil gatinho... São exatamente essas características que inspiraram o Busch Gardens, em Tampa, a investir pesado em tecnologia e cálculos de engenharia para simular uma corrida do felino pelas planícies do Serengeti na mais nova atração do parque: a montanha-russa Cheetah Hunt.

Assim como no ‘modelo in natura', os cinco carrinhos (com 16 assentos cada) alcançam os 100 km/h em poucos segundos. Têm um engate flexível, como a coluna do guepardo, que lhes permite girar 360 graus em torno do próprio eixo e efetuar manobras laterais repetidas sem perder a estabilidade.

A exemplo das ranhuras nas patas, o eficiente sistema de tração nos trilhos garante arrancadas com aclives e declives de tirar o fôlego, e a tecnologia Linear Synchronous Motor lança mão da força de imãs para arremessar os visitantes a uma velocidade absurda logo na subida de 31 metros - altura equivalente a um prédio de 10 andares - rumo ao topo da Windcatcher Tower.

Este, aliás, é um dos traços mais originais do novo brinquedo: nada daquele suspense típico das outras montanhas-russa na subida para o ‘precipício', quando o carrinho eleva-se devagar para dar tempo de a pessoa se entregar a questionamentos existenciais do tipo "o que estou fazendo aqui?", "e se eu tiver um ataque do coração?", "por que o camarada da frente está com os braços pra cima" ou, simplesmente, "quero a minha mãe!". Na Cheetah Hunt, não dá tempo de pensar. O carrinho dispara assim que você aperta o cinto e a subida é tão rápida que mais parece um foguete em direção à lua.

Já se assustou? Então espere para conferir a descrição do trajeto, de 1.350 metros em 90 segundos, que ainda inclui outras duas explosões de velocidade e queda brusca de 40 metros em uma vala subterrânea.

Segundo o presidente do Busch Gardens, Jim Dean, a Cheetah Hunt foi projetada para que mais pessoas da mesma família pudessem participar. "A altura mínima é de 1,20 metro, enquanto que as outras atrações exigem um mínimo de 1,30 metro de tamanho. Dá para crianças menores irem com os pais."

A intenção é fazer com que o passageiro sinta-se um guepardo disparando em busca da caça, mas o coração dispara como se você fosse a própria presa... Embora com uma grande vantagem: a tecnologia faz com que o aventureiro chegue sem pernas bambas, dores de cabeça ou enjoo. Depois de tudo o que experimentou, você ainda desce do carrinho cheio de classe, com postura tão elegante quanto a do felino. Impossível não querer voltar para a fila mesmo sabendo que o tempo de espera passava de três horas nos primeiros dias da atração.




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