O ritmo das exportações do Grande ABC continua em expansão, com alta de 10,03% neste ano até agosto, na comparação com o apresentado no mesmo período de 2007. Foram aproximadamente US$ 4,5 bilhões em encomendas destinadas ao Exterior, frente aos US$ 4,1 bilhões vendidos a outros países nos primeiros oito meses do ano passado.

Os números, de levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mostram a participação expressiva que a região mantém no total exportado pelo País.

Os US$ 4,5 bilhões representam 11,83% do valor obtido por todo o Estado (US$ 38,2 bilhões) e 2,89% do registrado pelo País (US$ 130,8 bilhões).

O desempenho de São Bernardo, que ocupa a sexta posição no ranking nacional dos maiores municípios exportadores - atrás de São Paulo, São José dos Campos (SP), Angra dos Reis (RJ), Paranaguá (PR) e Macaé (RJ) - é o que mais contribui para essa boa participação.

A cidade soma, de janeiro a agosto, US$ 2,9 bilhões em vendas ao mercado internacional (7,76% mais que no mesmo período de 2007), graças sobretudo a fortes vendas de caminhões e ônibus.

A fabricante Scania, por exemplo, que deverá chegar neste ano a uma produção de 25 mil veículos, vende 65% do que produz no País ao Exterior. A Ford Caminhões, que fabricará este ano 36 mil unidades, 20% mais que em 2007, tem negociado praticamente com toda a América do Sul. Por sua vez, a Mercedes-Benz tem encomendas de parcela significativa (cerca de 50%) de exportações de ônibus.

SÃO CAETANO
Se São Bernardo se destaca em números absolutos, São Caetano registra o maior ritmo de expansão no valor obtido com encomendas do mercado externo (alta de 40,4%).

O principal item da pauta de exportação do município são carros médios (de 1,3 a 3 cilindradas). Segundo a General Motors, praticamente todos os modelos fabricados na cidade (Astra, Vectra, Classic, Corsa Hatch e Corsa Sedan) são comercializados em outros países.

Câmbio traz agora perspectiva favorável

A perspectiva de economistas e empresários da região é, que se for mantida uma tendência de valorização do dólar observada nas últimas semanas, haver uma expansão ainda mais forte das exportações e um resultado melhor de saldo comercial (vendas ao Exterior menos importações).

Neste ano até agosto, as aquisições de produtos de outros países cresceram 38,81% na região, para o total de US$ 3,3 bilhões. Com isso, embora a região ainda tenha saldo positivo de US$ 1,2 bilhão, esse montante é 29% inferior ao registrado no mesmo período de 2007.

"Com o aumento do preço do dólar (frente ao real), teremos uma recuperação do saldo", disse o economista Moisés Pais, do Observatório Econômico de Santo André, órgão ligado à prefeitura do município.

O diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato, acredita na continuidade de melhora do câmbio, depois de um longo processo de queda do dólar, nos últimos anos. Segundo ele, isso traz novo ânimo aos exportadores, que vinham perdendo rentabilidade nas encomendas ao mercado internacional.

Outro dirigente do Ciesp, o diretor do departamento de Economia da regional de São Bernardo, Roberto Giannini, por sua vez, avalia que mesmo as importações atualmente não podem ser vistas como um problema. "Tem se importado muitas máquinas para a expansão da capacidade produtiva", disse.

Para Giannini, os números divulgados nesta semana, de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas produzidas no País) e de aceleração da taxa de investimento no Brasil mostram que as perspectivas são animadoras. Ainda segundo ele, o mercado interno aquecido também contribui para que as empresas concentrem menos atenções nas vendas ao Exterior.