Economia Titulo Automóveis
Produção de carros tem marca recorde

Fabricação cresce 10%, mas estoques de
veículos despencam, com alta das vendas

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
07/09/2012 | 07:26
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As montadoras ampliaram em 10,6% a produção de veículos em agosto na comparação com julho, para dar conta do aumento da procura, por causa do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido. Com essa alta, o segmento alcançou o maior volume mensal produzido na história do setor: 329,3 mil unidades (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), de acordo com os dados divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

A medida do governo - que diminuiu, por exemplo, a alíquota do IPI dos carros 1.0, de 7% para zero - só iria valer até dia 31, mas na semana passada, há poucos dias do fim desse prazo, houve a prorrogação até 31 de outubro. Com o apelo dado pelo incentivo tributário, que refletiu em redução de preços dos carros da ordem de 10%, o segmento também atingiu recorde de vendas: 420 mil unidades no mês passado.

Dessa forma, mesmo com a fabricação recorde, as indústrias do setor viram seus estoques caírem sensivelmente. Pelos números da associação, em julho havia o correspondente a 27 dias (tempo necessário para a desova do volume parado nos pátios e nas concessionárias) e, em agosto, passaram a ser 19 dias. Esse número é o menor desde março de 2010 (quando ficou em 18 dias). Com isso, houve casos de desabastecimento, ou seja, falta de alguns modelos de carros para pronta-entrega nas revendas.

METAS - A expectativa no setor é de que haverá melhora no volume em estoque neste mês, com o aumento da produção. E com a prorrogação do incentivo tributário, até fim de outubro, a indústria se mostra confiante de que será possível crescer de 4% a 5% nas vendas no mercado interno e ter alta de 2% na produção para o ano todo frente a 2011. Neste último caso, a projeção dependerá de trajetória forte nos últimos meses. Isso porque, de janeiro a agosto, o total fabricado ainda é 7,2% menor que no mesmo período de 2011.

CAMINHÕES - Apesar de o segmento de caminhões registrar produção 40% menor nos oito primeiros meses do ano, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, avalia que também há motivos para otimismo nessa área.

Ele avalia que as medidas recém-anunciadas pelo governo - entre as quais a redução dos juros (de 5,5% para 2,5% ao ano) na linha Finame-PSI (voltada à compra de máquinas e caminhões), do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e a depreciação contábil superacelerada (em um ano), ambas condições que valem para aquisições até dezembro deste ano, devem gerar efeito favorável.

A nova linha de crédito ainda não está disponível, mas deve ser regulamentada e entrar em operação já na próxima semana, prevê o dirigente.

 

Novo Regime Automotivo deve sair neste mês

A segunda fase do Regime Automotivo, programa do governo federal destinado a fortalecer a competitividade da indústria automotiva nacional, deve ser lançado até o fim deste mês e trazer critérios para que as montadoras brasileiras não tenham aumento de tributação: além de um percentual de conteúdo nacional (ou seja, de autopeças fabricadas no Brasil), P&D (Pesquisa e Desenvolvimento nacionais), eficiência energética (ou seja, metas de redução de consumo de combustíveis dos carros) e também novos investimentos.

Representantes das montadoras e do governo ainda discutem detalhes do que será anunciado, mas em relação aos novos investimentos, esse deverá ser um critério para contemplar empresas que têm projetos de fábrica no Brasil, mas que ainda não devem alcançar, logo de início, os percentuais de conteúdo local exigidos.

Para essas companhias, o programa deverá oferecer um prazo para adaptação ao índice de nacionalização, com o aporte de recursos servindo como compensação futura (como um crédito tributário).

O Regime Automotivo em vigor estabelece, por enquanto, que as empresas tenham de ter 65% de conteúdo local em seus carros, para que não tenham de sofrer aumento de IPI em 30 pontos percentuais. Dessa forma, os modelos importados (com exceção dos que vêm de outros países do Mercosul ou do México) têm de arcar, além de 35% de alíquota de importação, com o acréscimo no IPI.

 

 




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