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Ana Roberta: o anjo mau de 'Mulheres Apaixonadas'
André Bernardo
Da TV Press
20/09/2003 | 19:11
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  A atriz Ana Roberta Gualda reconhece que o autor de Mulheres Apaixonadas, Manoel Carlos, não estava brincando quando disse que Paulinha seria odiada pelo público da novela das nove. Desde que a trama estreou a personagem não faz outra coisa senão colecionar desafetos. Entre outras maldades, incentivou Santana a cair, bêbada, na piscina da casa de César, disse a Marcos que viu Raquel e Fred aos beijos na biblioteca do colégio e, recentemente, avisou à mãe de Clara que a menina trocaria alianças com Rafaela na festa de aniversário.

Por essas e outras, a atriz já se acostumou a sair às ruas e tomar uns puxões de orelha do tipo “Mas você é ruim mesmo, hein, menina?” ou “Você não pode tratar seu pai assim!”. “Até mesmo quando dão bronca as pessoas costumam ser carinhosas comigo. Felizmente, ainda não levei nenhuma guarda-chuvada”, diz, referindo-se à outra jovem vilã da trama, a Dóris, interpretada por Regiane Alves, uma ambiciosa jovem que rouba e maltrata os avós – e chega a desejar que eles morram para voltar a ter um quarto só para ela.

A abordagem que mais impressionou a atriz até hoje foi a de uma moça que disse que seu sobrinho chorava sempre que via Paulinha na TV. “O menino se identifica com a personagem porque a mãe também largou ele”, afirma Ana Roberta. Mas, pelo menos na ficção, a dor da perda foi atenuada nos últimos dias. Nair, a mãe desnaturada que trocou a vida em família por outra de aventuras, apareceu.

Para Ana Roberta, muitos dos problemas de Paulinha têm origem no fato de ela ter sido abandonada pela mãe ainda pequena. “Ela tem um profundo sentimento de rejeição. Por isso, ataca antes de ser atacada. É um mecanismo de defesa dela”. Entre as constantes vítimas dos ataques de Paulinha, vale lembrar, está o próprio pai, o zelador Oswaldo, interpretado por Tião D’Ávila.

Mesmo assim, Ana Roberta diz que não gostaria que Paulinha tivesse o fim de outras tantas vilãs, como a loucura ou a solidão. “Confio muito no Maneco. Tenho certeza que ele encontrará um desfecho surpreendente para ela”, afirma.

Independentemente do destino da personagem, Ana Roberta se dá por satisfeita só por ter estreado numa novela como Mulheres Apaixonadas. E, principalmente, em um papel como o da invejosa Paulinha. A personagem fez tanto sucesso que ganhou uma hilariante versão do humorístico Casseta & Planeta, Urgente!: a Paulinha Sem Alça. “No começo, fiquei assustada com tamanha responsabilidade. Mas logo percebi que a Paulinha era a minha grande chance!”, diz.

O convite para atuar em Mulheres Apaixonadas pôs fim a uma espera angustiante que já durava alguns anos. Desde que chamou a atenção de um produtor de elenco da Globo, que gostou de sua atuação na peça Êxtase, Ana Roberta já fez teste para inúmeras novelas: Desejo de Mulher, Coração de Estudante, O Beijo do Vampiro são algumas delas. “Chegou uma hora que entreguei nas mãos de Deus. O que tiver de ser, será”.

A insuportável Paulinha, porém, não foi inspirada em ninguém em especial. “Não conheço ninguém assim”, diz. Mas Manoel Carlos conhece. A personagem ganhou as características da filha do porteiro de um prédio onde morou. E embora também já tenha tido sua fase rebelde, Ana Roberta jura que nunca chegou perto de Paulinha. O máximo que fez foi andar com as calças rasgadas. “A minha relação com os meus pais sempre foi a melhor possível. Eles até acham graça do que vêem na TV”, diz.

Aos 25 anos, Ana Roberta lembra que sempre quis ser atriz. Mas o sonho só se tornou realidade quando uma tia resolveu fazer teatro no Tablado e incentivou a sobrinha a fazer o mesmo. A certa altura, porém, Ana Roberta pôs a vocação em dúvida e prestou vestibular para Direito. Embora tenha concluído o curso, nunca pensou em advogar. “Não fiz nem estágio”, afirma.

Mas exercer a carreira de atriz, pondera ela, também não é tarefa das mais fáceis. Principalmente quando não se está enquadrada no padrão de beleza televisivo. “Eu já me conformei com isso. Não me deixo neurotizar por esse culto à beleza. Afinal, sou atriz, não sou modelo!”, diz, dando de ombros.




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