Política Titulo À CPI
Servidor desmente própria acusação de fraude na vacina em Rio Grande

Assessor da Câmara que chegou a fazer BO agora nega falha; Prefeitura estuda processar funcionário

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
03/09/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


Funcionário da Câmara de Rio Grande da Serra e que acusou a Prefeitura de registrar seu nome na lista de vacinação sem consentimento, Gabriel Henrique Afonso Campagnoli, 23 anos, desmentiu a própria versão dada depois de a sindicância feita pelo governo do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB) apontar que não existiu falha no procedimento. A gestão estuda ingressar com ação judicial contra o servidor por falsa comunicação de crime.

Em junho, Campagnoli registrou BO (Boletim de Ocorrência) contra servidores da Secretaria de Saúde do município dizendo que, ao tentar registrar seu CPF para ingressar na fila da vacinação contra a Covid-19, o sistema retornava que o documento já constava na lista municipal. Ele só tomaria a vacina em outubro, pelo calendário do plano estadual de imunização.

Campagnoli é assessor direto do presidente da Câmara, Charles Fumagalli (PTB), atualmente rival de Claudinho e irmão da vice-prefeita Penha Fumagalli (PTB). Ele, na delegacia, citou o nome da servidora Rosete Holanda dos Santos como suspeita.

Ontem pela manhã, porém, ele desmentiu a própria acusação durante sessão da CPI do Fura-fila da vacinação no Legislativo. O funcionário voltou a prestar depoimento e foi confrontado com o resultado da sindicância da Prefeitura e alterou todo conteúdo acusatório.

À CPI, o servidor atestou que foi ele quem preencheu seus dados no sistema quando foi incluir o avô no cadastro para a imunização. “Coloquei meu CPF e o número do SUS (Sistema Único de Saúde) dele. Fui ingênuo”, disse Campagnoli. “Tive um lapso de memória e não havia me recordado na época (da acusação).”

Pelo Código Penal, a falsa comunicação de crime ou contravenção pode render detenção de um a seis meses ou a aplicação de multa.

O vereador Marcelo Akira (Podemos), integrante da CPI, criticou duramente o servidor da casa. “Ele concedeu várias entrevistas, inclusive para veículos nacionais. Ficou claro que ele agiu de má-fé em não relatar a verdade com relação ao cadastro dos avós. A casa dele caiu”, disse Akira, aliado de Claudinho.

Akira pediu a Campagnoli convocar entrevista coletiva para se retratar e dizer que mentiu ao acusar a Prefeitura. E sugeriu a Fumagalli, na condição de presidente do Legislativo, avaliar a conduta do colaborador. “Se entender que houve má-fé e quiser mandar embora, tem a prerrogativa para isso. Acredito que todo esse rolo criou situação complicada para o presidente da Câmara.” Fumagalli não foi localizado para comentar o assunto.

O parlamentar revelou ainda que acredita que a servidora acusada por Campangoli irá ingressar com representação por danos morais contra ele e que a Secretaria de Saúde, chefiada por Tchello Pierro, também deve adotar medidas administrativas contra o funcionário legislativo. “O nome da funcionária foi arrolado como suspeito de crime de forma completamente irregular. Na minha visão, uma retratação na imprensa não corrige tudo o que foi falado sobre ela.”

A CPI do Fura-fila da vacina foi instalado no começo do primeiro semestre com base no caso de Silvia Maria Rodrigues da Silva, chefe de setor na Secretaria de Serviços Urbanos, e que se vacinou na primeira leva de doses à cidade (em janeiro) sem ser do grupo de risco ou da linha de frente do combate à Covid. O governo nega irregularidades e diz que Silvia Maria trabalhava na Secretaria de Saúde, a despeito do nome dela constar em outra pasta no Portal da Transparência. 




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