Política Titulo Abandonado
Câmara de Mauá coloca Leonel Damo em xeque

Sem votos para aprovar contas, ex-prefeito deve ficar inelegível

Mark Ribeiro
do Diário do Grande ABC
22/04/2012 | 07:00
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O ex-prefeito de Mauá Leonel Damo (PMDB) está prestes a ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Abandonado por antigos aliados, o peemedebista depende da improvável aprovação das contas de 2008 da Prefeitura na Câmara para manter o projeto de pré-candidatura a vereador. Caso contrário, ficará inelegível por oito anos.

A votação das finanças pelo Legislativo, que já foi adiada por duas sessões, está prevista para terça-feira. Levantamento do Diário mostra quadro desfavorável a Damo, que precisa de pelo menos 12 dos 17 votos para se salvar. O ex-prefeito possui nove a favor e, mesmo que conquiste o apoio dos dois parlamentares que se dizem indecisos, não conseguirá o aval para concorrer na eleição de 7 de outubro (veja arte ao lado).

O placar que indica a derrota do peemedebista possui ponto para lá de peculiar. Damo está nas mãos do PV, seu partido à época do segundo e último mandato à frente do Paço, atualmente presidido por Paulo Bio. No ano passado o empresário foi destituído da presidência do PMDB mauaense em manobra arquitetada pela deputada estadual e pré-candidata a prefeita Vanessa Damo, filha do ex-prefeito.

Como forma de retaliação ou não, Bio ordenou que o único representante do PV na Câmara, Silvar Silva Silveira, vote pela reprovação das contas. "Não vou misturar as coisas, nem retaliar ninguém. A orientação é para fazer o certo, que é seguir o parecer técnico do Tribunal de Contas", expõe o mandatário verde.

"É isso", concorda Silvar. "A minha opinião é que do errado não podemos comungar." Curioso é que ambos integraram o primeiro escalão do governo Damo. Bio foi secretário de Desenvolvimento Econômico, enquanto que Silvar chefiou a Pasta de Assuntos Jurídicos.

Reprovada no TCE (Tribunal de Contas do Estado), as contas de 2008 da Prefeitura receberam parecer favorável da Comissão de Finanças da Câmara, presidida pelo líder do governo Damo, Luiz Alfredo Simão (PSB), atualmente alinhado com a administração Oswaldo Dias (PT). Nenhum dos principais aliados ao ex-prefeito, porém, assumiu a responsabilidade de conquistar os apoios necessários para salvá-lo, conferindo contornos ainda mais dramáticos à votação.

Adiamento - Apesar de marcada para terça-feira, a votação das contas pode ser novamente adiada por causa da eventual ausência de Alberto Betão Pereira Justino (PTdoB) à sessão. O vereador, que é favorável à aprovação, avisou os colegas que terá de ir ao Interior para resolver problemas particulares. Se não for demovido da viagem, o bloco em favor de Damo pedirá o adiamento para que a derrota do ex-prefeito não seja sacramentada.

"Sou contra o adiamento. Temos de resolver isso logo", salienta o presidente da Câmara, Rogério Santana (PT).

 

Condição de vice na chapa de Vanessa entra na barganha

Mesmo com Leonel Damo afirmando que não irá interferir na votação da Câmara que poderá selar a sua aposentadoria política, vereadores têm conversado com o peemedebista cobrando alguns mimos em troca do voto. O principal deles é a condição de candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pela filha dele, a deputada estadual Vanessa Damo.

Os bastidores do Legislativo indicam que quem mais tem barganhado o posto é Edimar da Reciclagem (PSDB), que se diz indeciso sobre o voto às contas de 2008. O tucano, que venceu as prévias do partido no dia 31, tem dito reiteradamente que não abre mão de encabeçar chapa ao Executivo, mas sabe que terá mais chances de vitória ao lado de Vanessa, tida como a principal adversária ao projeto de reeleição de Oswaldo Dias.

A manobra ao menos o garantiria como vice, demovendo a preferência da deputada por outro tucano, José Roberto Lourencini.

Outro indeciso, Batoré (PP) descarta barganha, mas avisa que fará julgamento político, e não técnico, das finanças. "Se tivesse uma votação que viesse a me favorecer, muitos votariam contra porque me enxergam como uma ameaça (às reeleições dos vereadores - caso de Damo). Então, se pensam politicamente, também tenho de pensar assim."




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