Apesar de admitir ter sido contratado de forma ilegal, atual reitor diz não temer resultado de apuração
Principal alvo de investigação instaurada na FSA (Fundação Santo André) para apurar irregularidades na contratação de funcionários, o professor Francisco José Santos Milreu assumiu oficialmente a reitoria da instituição na tarde de ontem. Há duas semanas, o docente admitiu à equipe do Diário que sua contratação, em 1989, se deu sem a prestação de concurso público – o que é proibido por lei. No entanto, o novo reitor se diz despreocupado com o resultado do pente-fino. mesmo tendo conhecimento de alerta feito pelo prefeito do município, Paulo Serra (PSDB), de que, caso se confirme a situação de irregularidade, haverá o cancelamento de sua nomeação.
“A administração pública tem cinco anos para averiguar eventuais irregularidades. Se passar desse período, é direito adquirido. Está caracterizado como direito público subjetivo e inalterável”, considera o pró-reitor e professor de Direito da instituição, Vander de Andrade.
Já para o advogado especialista em Direito Público e Internacional e integrante da comissão de Direito do Trabalho da OAB-SP (Ordem dos Advogados de São Paulo), Ericson Crivelli, o professor Milreu não está protegido pelo artigo quinto da Constituição, que prevê os direitos individuais e fundamentais, como o do direito adquirido. “A constituinte de concurso público existe desde 1937, no entanto, passou a ter obrigatoriedade em 1988. Se ele (Milreu) ingressou na instituição após esse período, a lei não o assegura. Este ato não opera contra o princípio da constituição. Não se aplica de maneira nenhuma à situação. Ele não está amparado por essa lei.”
Para Milreu, o pente-fino que investiga todos os 450 contratos de trabalho da Fundação não é prioridade. “Estou trabalhando tranquilamente. Vamos levantar a documentação. As ações que tiver de tomar, serão feitas. Estou bem tranquilo. Se ficarmos pensando nesse processo não vamos fazer o que estamos aqui para fazer”, considera.
Caso consiga se manter no cargo, o docente cumprirá mandato até 31 de março de 2022. Mesmo sendo alvo de denúncias, Milreu obteve maioria – 44,65% – entre os votos válidos no conselho universitário.
Faltam cerca de 130 pastas para que tenha fim a análise dos contratos de trabalho da FSA, iniciada há dois meses. Os documentos deixados para o fim pela comissão responsável por apurar ilegalidades na contratação dos funcionários sem concurso público, o que é proibido por lei, correspondem aos considerados ‘problemáticos’, tendo em vista que têm documentos faltantes. Conforme adiantado pelo Diário em janeiro, um dos contratos que apresentam falhas é o do professor Milreu.
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