Setecidades Titulo Grande ABC
Falta de passarelas em rodovias tem dificultado travessia de pedestres

Levantamento feito pelo Diário aponta que
estradas da região possuem apenas 69 passagens

Por Daniel Macário
25/09/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC:


 A falta de passarelas nos trechos urbanos de rodovias que cortam municípios do Grande ABC tem colocado em risco à vida de pedestres da região. Levantamento feito pelo Diário aponta que, juntas, estradas do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) e dos trechos Sul e Leste do Rodoanel Mário Covas, possuem apenas 69 passagens em todos os seus cerca de 100 quilômetros de extensão, sendo somente 16 passarelas exclusivas. Na avaliação de especialistas, o índice pode estar diretamente relacionado aos casos de atropelamentos registrados na região.

Segundo dados repassados pelas concessionárias responsáveis pelas rodovias, desde 2014 (até junho de 2016) foram contabilizados 102 atropelamentos nas estradas que cruzam o Grande ABC. Ao todo, foram 45 mortes, o que representa média de mais de um óbito por mês. Responsável por ligar a Capital ao Litoral paulista, o Sistema Anchieta-Imigrantes, administrado pela Ecovias, lidera o ranking de atropelamentos. Desde 2014, foram contabilizados 102 ocorrências, sendo 13 atropelamentos só neste ano. Ao todo, foram 36 mortes no período. Já nos trechos Sul e Leste do Rodoanel, segundo a SPMar, entre janeiro de 2014 e julho de 2016 foram registrados 18 atropelamentos, sendo que 50% deles, portanto em nove caso, as vítimas não sobreviveram.

Na análise do professor Luiz Vicente de Mello Filho, coordenador do curso de Engenharia do Mackenzie Campinas, tal estatística retrata a deficiência de segurança que as rodovias oferecem aos pedestres. “Nota-se que faltam estruturas que garantam a segurança desses moradores. Ao mesmo tempo que temos trechos sem passarelas, também notamos que muitas áreas que possuem essas passagens, os pedestres acabam optando por fazer o caminho mais curto pela via, muito em virtude da falta de uma proteção maior que iniba sua invasão a faixa de rolamento”.

Para o especialista, a saída para amenizar o problema está em ações conjuntas. “É necessário que as concessionárias aumentem suas ações de conscientização, como também os pedestres precisam ser fiscalizados. O País precisa criar uma lei que pune pessoas que sejam flagradas fazendo uma travessia arriscada”. Conforme já noticiado pelo Diário, pedestres que utilizam passarelas localizadas em trechos do SAI no Grande ABC, ao todo são 15 na região, relatam insegurança com as passagens. Segundo usuários, as estruturas têm sido utilizada por indivíduos para ações criminosas.

Segundo o coordenador de tráfego da Ecovias, Danyel Nunes, além das ações do PRA (Programa de Redução de Acidentes), a concessionária também tem intensificado projetos em núcleos habitacionais que estão localizados às margens do SAI. “Temos série de ações educativas que visam conscientizar a população sobre a importância da travessia segura.”

Já no Rodoanel, que possui 54 passagens – incluindo uma passarela –, sendo 25 no trecho Sul e 29 no Leste. o problema é com as ocorrências às margens das vias. De acordo com levantamento realizado pela SPMar, 50% dos atropelamentos ocorreram no acostamento da via. “É importante ressaltar aos usuários que, mesmo se o carro estiver no acostamento da via, aguardando remoção, os ocupantes devem desembarcar do veículo e aguardar a uma distância segura”, destaca Isaque Moraes, Gerente de Operações da SPMar.


Índio Tibiriçá continua com fama de ‘Estrada da Morte’

Após 46 anos desde sua fundação, a Rodovia Índio Tibiriçá, via que liga São Bernardo a Suzano, passando por Santo André e Ribeirão Pires, ainda segue com o apelido de ‘Estrada da Morte’. Segundo vizinhos da via, a imprudência de motoristas e a ausência de pontos de travessia têm mantido o alto índice de acidentes da via. Segundo especialista, o trecho apresenta diversas falhas estruturais que justificam a insegurança de pedestres.

Com raras passarelas em sua extensão, moradores afirmam presenciar acidentes diários na rodovia. “Onde já se viu uma estrada como essa, onde os carros passam em alta velocidade, não ter sequer uma passarela? Aqui no trecho de São Bernardo mesmo não tem nada. Todo dia rezo antes de passar por aqui”, revela a copeira Sueli dos Anjos Pereira, 44 anos. O mesmo medo é compartilhado pelo serralheiro Humberto Bueno Dias, 31. “Muitas mães são obrigadas a levar os filhos pelo acostamento. O nosso receio é que um motorista imprudente invada essa faixa e aconteça uma tragédia”.

Na análise do professor Luiz Vicente de Mello Filho, coordenador do curso de Engenharia do Mackenzie Campinas, embora a rodovia tenha uma característica estreita, com apenas uma faixa de rolamento em cada sentido em diversos trechos, é necessário que o DER (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo) faça uma análise de possíveis medidas que possam ser adotadas na área. “Impedir o crescimento desses núcleos é quase impossível. É necessário, então, que concessionárias e municípios coloquem em práticas medidas que garantam a segurança dos usuários, que neste caso são obrigados a fazer a travessia pelo acostamento por falta de opção”.




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