A abertura de via para dar acesso ao Jardim Irajá ainda rende briga entre moradores do Jardim Atlântico e a Prefeitura de São Bernardo. Ontem, funcionários estiveram na Praça Newton Ataliba Madsen com o maquinário necessário para iniciar as obras, mas foram recebidos com protestos. Houve ameaças dos dois lados e até se cogitou chamar a Polícia Militar.

Após duas vitórias judiciais que impediram a construção da via, a Prefeitura ganhou medida tutelar autorizando a obra. A ideia é prolongar a Rua Roque Silva da Avenida Luís Pequini, a principal do bairro, ao Irajá. Para isso, duas casas da Rua Amaro José Gonçalves e parte da praça serão demolidas.

"Nós cuidávamos da praça, era tudo área verde, mas a Prefeitura destruiu tudo", disse o tecnólogo Donizetti Sornokui, 49 anos, justificando a predominância de pedras sobre o verde no local.

A queixa dos moradores é de que não houve comunicado oficial por parte da Prefeitura ou avaliação para ver se a obra seria bem-vinda. "Não teve nenhum contato. Descobrimos do nada que o projeto foi aprovado e que querem essa obra pronta o mais rápido. Imagina o volume de carros que circulará por aqui", disse o seminarista Vinicius Queiroga, 20, morador do Atlântico desde que nasceu. Sua casa fica ao lado das duas que foram compradas pelo poder público para serem demolidas.

Marcelo Benites, um dos responsáveis pelas vias públicas de São Bernardo, garante que a revitalização da praça está nos projetos para quando a nova via for concluída. "A ocupação é temporária, os benefícios serão grandes."

Segundo ele, os moradores estão avisados dos planos da Prefeitura desde abril, quando houve a aprovação no Orçamento Participativo. Até que a liminar seja cassada na declarada guerra dos tribunais, o plano é ir todos os dias ao local tentar dar início aos trabalhos. "Mas a prioridade é ouvi-los."