A diversidade de linguagens que caracteriza o pintor, escultor e gravador paulistano Luiz Paulo Baravelli fica evidente no recém-lançado livro "Baravelli Comenta seu Trabalho" (J.J Carol, 120 págs., R$ 65). O material serve como complemento de Portfolio (2007), compilação das produções do artista em ordem cronológica, de 1965 a 2006.

O lançamento inclui pinturas de 2008 e tem caráter distinto, já que as obras são acompanhadas por comentários sobre o processo de criação. "É uma espécie de diário de bordo", define o autor.

O leitor pode conhecer, por exemplo, os bastidores da produção de Heloísa 2 (1990), peça pintada em madeira maciça que reproduz as feições de uma mulher em tamanho natural (17 centímetros). "Jovem, ouvi de algum adulto sábio: ‘Não vá perder a cabeça por um palminho de rosto'. Ao olhar de perto o lindo rosto da modelo Heloísa, a frase me veio à mente e, caracteristicamente, resolvi verificar se o rosto media mesmo em torno de um palmo. É menor, no caso dela", define Baravelli.

ARTE POP - Nos anos 1970, o pintor foi um dos fundadores da Escola de Arte Brasil, "centro de experimentação artística dedicado a desenvolver a capacidade criativa do indivíduo". Uma década depois, digeriu as influências da arte pop, que se manifesta em quadros como Noiva no Sítio e Hipnotismo no Elevador (ambos de 1981), pintados com acrílica.

"Havia nos anos 1960 uma espécie de modismo pop, que girava em torno da publicidade e do consumo, de uma forma que não existia no Brasil na época. A nossa realidade era muito diferente da que havia nos Estados Unidos", comenta.

Ele reconhece as relações entre obras antigas e outras mais recentes, como Noiva no Sítio e Uma Brasileira, em que também utilizou tinta acrílica.

"Acho que Uma Brasileira pode ser considerada filha de Noiva no Sítio. As imagens e ideias emergem e podem ser utilizadas muito tempo depois."