Economia Titulo Faturamento
Vendas de pequenas
empresas caem 10,2%

Perdas para firmas da região chega a R$ 1,6 bi
no 1º semestre; no Estado, houve alta de 0,8%

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
19/08/2014 | 07:15
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Divulgação


As vendas das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Grande ABC caíram 10,2% no primeiro semestre, em comparação com os primeiros seis meses de 2013. O tombo no faturamento real (já descontada a inflação) representa R$ 1,6 bilhão a menos nos caixas das firmas da região. Isso é o que aponta pesquisa do Sebrae-SP.

Em todo o Estado de São Paulo, na média, houve discreta alta de 0,8% nas receitas das companhias, com a injeção de R$ 2,5 bilhões a mais do que de janeiro a junho do ano passado. Apesar do ganho, este foi o pior desempenho desde o primeiro semestre 2009, auge da crise econômica.

As vendas das MPEs das sete cidades foram mais afetadas do que no restante do Estado pelo fato de a região concentrar representantes de toda a cadeia da indústria automobilística. “O pior resultado no período foi o do Grande ABC. A indústria paulista diminuiu em 2,9% seu faturamento, mas, como a região detém muitas autopeças, o impacto foi maior”, afirma a consultora do Sebrae-SP Letícia Aguiar. O levantamento avalia, ainda, o Interior (que cresceu 2,6%), a Região Metropolitana (recuo de 0,9%) e a Capital (alta de 2,1%).

As indústrias menores, principalmente as do setor automotivo, dependem dos pedidos feitos pelas companhias de médio e grande portes. Boa parte das pequenas indústrias na região fabrica peças, componentes e moldes de ferramentas e as vende para sistemistas, que montam partes de veículos, e comercializam para as montadoras. Se a venda de carros vai mal, no entanto, as encomendas caem. A região reúne seis montadoras, sendo cinco em São Bernardo (Ford, Mercedes-Benz, Scania, Toyota e Volkswagen) e uma em São Caetano (General Motors).

Segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no primeiro semestre foram produzidos 1,57 milhão de veículos, 17% menos que no mesmo período de 2013, para se adequar à retração de 7,6% das vendas no mercado interno e de 35% nas exportações. Sem contar o estoque, que à época atingia 45 dias nas concessionárias e fabricantes. Isso, mesmo com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido a 3% para carros 1.0.

Letícia destaca que outro fator que contribuiu à perda de receita das micro e pequenas firmas da região foi a base de comparação com os primeiros seis meses do ano passado, quando as MPEs registravam alta de 11,5%. “Para este ano não esperamos grandes resultados, principalmente porque a economia como um todo está em desaceleração e não deve crescer nem 1%. No entanto, o segundo semestre sempre traz mais otimismo, devido ao Dia das Crianças e ao Natal, quando as pessoas recebem o 13º salário. A expectativa também é que a inflação dê uma trégua e não ultrapasse o teto, o que deve estimular o consumo.”

Em relação ao IPI para automóveis, que segue reduzido até dezembro, a consultora do Sebrae-SP não acredita que deva surtir mais efeito. “Quem tinha de aproveitar a medida já o fez. Para gerar estímulo seria preciso adotar nova estratégia.” O comércio paulista acumula queda de 1,9% no faturamento e, serviços, único setor diretamente beneficiado pela Copa do Mundo, cresceu 5,5%.

O levantamento mostra também o impacto que a perda de receita gera nos empregos. Na região, houve queda de 5,8% no número de pessoas ocupadas; no Estado, as perdas foram de 0,2%. Pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) mostra que as indústrias perderam, até junho, 48 postos de trabalho por dia, nos últimos 12 meses. O setor é bastante prejudicado pela enxurrada de importações e pela alta carga tributária, que deixa seus produtos menos competitivos. 




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