Política Titulo Escândalo
Cleuza contrata advogado
de Zé Dirceu no Mensalão

Secretária de Educação de S.Bernardo precisa
rebater a tese do MP de formação de quadrilha

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
28/05/2014 | 07:00
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Arquivo/DGABC


Ré em ação penal por suposta fraude em licitações e formação de quadrilha, a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho (PT), contratou o escritório Oliveira Lima, Hungria, Dall’Acqua e Furrier para fazer sua defesa no caso. A empresa foi a mesma que trabalhou para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), condenado a sete anos e 11 meses pelo STF (Supremo Tribunal Federal) pelo envolvimento no Mensalão.

Um dos advogados que atuam diretamente no processo é o mesmo que defendeu Dirceu em Brasília: Rodrigo Dall’Acqua – outra profissional envolvida é a advogada Verônica Carvalho Rahal. Conhecida por prestar serviços em ações criminais de vulto, a advocacia também trabalhou para Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empreiteira pivô do escândalo do Cachoeira – episódio que cassou o mandato de Demóstenes (ex-DEM-GO) no Senado.

Cleuza é uma das 19 pessoas acusadas por supostas irregularidades em licitações para compra de tênis e mochilas escolares à rede de São Bernardo. Ela, seu antigo braço-direito na Pasta Sérgio Moreira e dois empresários tiveram prisão preventiva solicitada pelo Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público – pedido ainda em análise na Justiça. Para o Gaeco, houve desvio de pelo menos R$ 4 milhões.

Sérgio Moreira, apontado pelo MP como canal de empresários com o poder público para instalar cartel em concorrências públicas, é defendido por Luiz Fernando Pacheco, advogado que trabalhou para o ex-presidente do PT José Genoino também no caso do Mensalão – Genoino foi condenado a quatro anos e oito meses por participação no esquema.

A contratação de criminalistas que prestaram serviços diretamente no Mensalão reforça que o prefeito Luiz Marinho (PT) não irá ceder a pressões nem recomendações do MP para afastar Cleuza do cargo que ocupa no primeiro escalão. Até mesmo a bancada de vereadores do PT sugeriu a saída da secretária, com intuito de estancar a crise no setor, mas ouviu do chefe do Executivo que ele a manterá no posto por acreditar na inocência da aliada.

O Diário não localizou Rodrigo Dall’Acqua, Verônica Carvalho Rahal e Luiz Fernando Pacheco. A Prefeitura de São Bernardo não tem se posicionado sobre a investigação na Secretaria de Educação.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, os advogados sustentaram que o MP não apresentou provas de que Cleuza teria participado de eventual conluio para burlar as licitações. Para a defesa, não é possível falar em superfaturamento, uma vez que a comparação de preços praticados em São Bernardo foi feita apenas com a administração de Santos, tendo o Brasil “mais de 5.500 municípios.”

O escritório versou também que a denúncia inicial de prática de irregularidades na Pasta tem “baixíssima credibilidade” e foi protocolada no Executivo apenas dois anos depois dos fatos narrados.

A defesa de Cleuza tenta anular provas produzidas pelo Gaeco, avaliando que o trabalho realizado foi na fase pré-processual, “incorrendo em ilegalidade”, e afirma que não teve acesso ao processo durante a apuração do MP.




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