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Eles descansam e nós pagamos

deputado Cândido Vacarezza, do PT paulista, líder do governo na Câmara Federal, é o autor da grande ideia

Por Carlos Brickmann
12/05/2010 | 00:00
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O deputado Cândido Vacarezza, do PT paulista, líder do governo na Câmara Federal, é o autor da grande ideia (que, não tenha dúvidas, será rapidamente aprovada): suas excelências entram em férias - ou ‘recesso branco', como preferem - a partir de 10 de junho, para que possam assistir tranquilamente à Copa. Terminada a Copa, o recesso continua: os partidos realizam suas convenções, os parlamentares participam das festas juninas, aí entram na campanha e voltam à Câmara em novembro, depois do segundo turno. Isso mesmo: férias extras de junho a novembro, com tudo, tudo, tudo pago por quem trabalhou esse tempo todo.

Mas Cândido Vacarezza não deve ser criticado: ao contrário, merece elogios por ter tornado público aquilo que iria acontecer de qualquer jeito, só que por baixo dos panos. Ninguém no Congresso vai trabalhar do dia 10 em diante, não - com ou sem a oficialização da proposta de Vacarezza. E ninguém vai deixar de receber salários, jetons, auxílios, verbas de gabinete, verbas de passagens, franquias diversas, só porque não estará exercendo as funções pelas quais é pago.

E, pensando bem, o ‘recesso branco' até que é justo: como é que, tendo de trabalhar de dois a três dias por semana, suas excelências poderão acompanhar convenientemente a Copa, ou supervisionar a elaboração dos quitutes juninos? E, na verdade, suas excelências não suspenderão de vez o trabalho: uma ou duas vezes por mês irão à Câmara, para votar de cambulhada tudo que estiver na pauta e ganhar condições de cair fora o mais depressa possível, que ninguém é de ferro.

SUGESTÃO DE AMIGO

Este colunista só faria uma sugestão aos parlamentares ocupados com atividades que não o trabalho: por que não desistem do pagamento naquele período?

O SEU...

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney, concedeu aposentadoria vitalícia de R$ 23.216,81 a Jackson Lago, por ter exercido o cargo de governador do Estado durante pouco mais de três anos, de 1º de janeiro de 2006 a 17 de abril de 2009. E por que Jackson Lago exerceu o cargo durante pouco mais de três anos, e não quatro? Porque a Justiça cassou seu mandato, considerando que venceu as eleições graças ao abuso do poder econômico. Ou seja, cometeu uma infração que lhe custou o mandato, mas não lhe custou a aposentadoria integral e vitalícia. Um detalhe: Jackson Lago tem mais duas aposentadorias, uma como professor da Universidade Federal do Maranhão, outra como médico do Estado.

...O MEU...

Atenção: ganham corpo as articulações para dividir o Pará em três Estados, com a argumentação de costume - de que é impossível governar eficazmente um território daquele tamanho. O problema é que, dividindo-se o Pará em três, criam-se mais duas assembleias legislativas, com deputados, assessores, motoristas, secretárias, prédios, material de escritório; mais seis senadores, elevando o total do País para 87 (e quem é que precisa de mais senadores?), todos com seus assessores, secretários, motoristas, verbas e auxílios diversos; e no mínimo mais 16 deputados federais, com as mordomias correspondentes (e quem é que precisa de mais deputados federais?). Naturalmente, caro leitor, você paga.

...O NOSSO DINHEIRINHO

Preste atenção, também, no PDC (Projeto de Decreto Legislativo) 2.600/10, que está na Câmara Federal. O projeto, de autoria do Poder Executivo, multiplica por três o preço que o Brasil paga ao Paraguai pela eletricidade de Itaipu. É pedido do Paraguai, sabe? E como negar um pedido do presidente Fernando Lugo, o Pai da Pátria? O relator do projeto, deputado Dr. Rosinha, do PT paranaense, é favorável a triplicar o custo da energia: segundo diz, os brasileiros não vão pagar nada, porque o dinheiro sai do Tesouro. E o dinheiro do Tesouro, de onde vem?

VELHOS TEMPOS

Adivinhe quem será candidato ao governo de Alagoas. Sim, é ele: Fernando Collor, retomando o caminho que em 1989 o levou à Presidência da República. Collor sai pelo PTB. Enfrenta o tucano Teotônio Vilela Filho, candidato à reeleição, e o ex-governador Ronaldo Lessa, PDT. Collor (como Lessa) apoia Dilma Rousseff para a Presidência. E ambos disputam o apoio de Renan Calheiros - aquele mesmo, lembra? Renan também é Lula e Dilma desde criancinha.

FRASES...

Do secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr., cujo afastamento do cargo foi pedido pela Comissão de Ética do governo mas que preferiu continuar:

"É preciso trabalhar, pois tem muito ladrão para a gente prender".

Tuma Jr tem toda a razão.

...DEFINITIVAS

Ao nomear o delegado Romeu Tuma Jr para o comando do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, há uns 20 dias, o ministro da Justiça, Luís Paulo Barreto, elogiou-o: "Não existe máfia no mundo que o Tuma não conheça".




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