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Calculando a ladroeira

Qual o custo da corrupção no Brasil? De acordo com estudo da Fiesp, pode variar entre R$ 41 bilhões e R$ 69 bilhões por ano

Por Carlos Brickmann
16/05/2010 | 00:00
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Qual o custo da corrupção no Brasil? De acordo com estudo da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, pode variar entre R$ 41 bilhões e R$ 69 bilhões por ano. É mais do que se gasta em Segurança Pública, é metade do orçamento da Saúde; e, reduzido, permitira que a renda média do brasileiro tivesse crescido uns 15% nos últimos oito anos. Os números estão explicados em www.fiesp.com.br/competitividade/downloads/custo%20economico%20da%20corrupcao%20-%20final.pdf (este colunista acha que a ladroeira é maior).

É um estudo muito interessante, especialmente nas comparações: o que poderia ser feito se a corrupção fosse menor - não se fala em corrupção zero, porque isso não existe nem onde se cumpre a lei. Seria possível aumentar em um quarto as verbas para a Educação, quase dobrar o objetivo de construção de habitações para a baixa renda, aumentar em um quinto a meta federal de construção de estradas, elevar em 89% o número de leitos do SUS, dobrar o saneamento básico.

E como combater a corrupção? O estudo da Fiesp sugere três caminhos, todos de longo prazo: limitação do poder de funcionários públicos e instituições, com a implantação de regras claras e completas; tornar a corrupção mais perigosa, até com o incentivo à delação; a realização de auditorias frequentes e o reforço do sistema judiciário; e reformas econômicas que simplifiquem os procedimentos administrativos, legais e tributários, de maneira a dificultar os atos de corrupção.

É um bom começo para, como diria o Bóris Casoy, passar o Brasil a limpo.

E JÁ FORAM PAGOS
Todos os astros da Seleção, a propósito, eram profissionais: recebiam salários e prêmios para jogar. Não era tanto dinheiro quanto hoje, mas estava bom para a época. Além disso, em 1958, o presidente Juscelino Kubitschek ofereceu a cada craque um emprego público, o que também era um absurdo. Só Zagalo se apresentou para o trabalho (hoje está aposentado). Os demais não se interessaram.

SILÊNCIO SUSPEITO
Os indícios contra o secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr., foram tão fortes que o governo federal, ao qual pertence, o forçou a pedir férias (que, segundo os rumores, serão mais intermináveis que discurso do senador Eduardo Suplicy). Mas a oposição está quietíssima: ninguém sequer comenta os fatos a respeito do caso Tuma Jr. Eleição não é santo mas faz milagre: a possibilidade de atrair o PTB, partido do senador Romeu Tuma, para a coligação oposicionista, deve ocupar todo o tempo do PSDB, do DEM e do PPS. Não devem nem estar lendo jornal, nem vendo TV. Nem sabem o que está acontecendo, não é mesmo?

SILÊNCIO SUSPEITÍSSIMO
Ninguém imaginará que as declarações de Tuma Jr., de que estão mexendo na válvula do botijão de gás, tenham assustado algum parlamentar. Só se assustaria quem tivesse feito o que não devia e tivesse medo de ser denunciado - o que, claro, não é o caso de nenhum de nossos parlamentares, não é mesmo?

SILÊNCIO DE OURO
O secretário Tuma Jr. diz que em seus dias de férias vai pegar um sol e só volta quando estiver moreninho. Então, nem precisaria de férias: já está queimado.

O LIVRO PERMITIDO
A eleição está aí, o que explica muita coisa. Até a volta, pela internet, da história falsa do livro proibido, com denúncias contra o presidente Lula. O livro, "O Chefe", existe; traz denúncias contra o PT e Lula; é de autoria do jornalista Ivo Patarra, que foi assessor de imprensa da prefeita petista Luiza Erundina, em São Paulo, e participou de campanhas de Lula. Mas o livro não é proibido, não: foi levado pelo autor a duas editoras, que não quiseram publicá-lo. Ele cansou de procurar editor e colocou "O Chefe" na Internet. Tanto o livro não é proibido que não há qualquer ação judicial para retirá-lo da rede.

MAIS UNS DIAS
O Senado deve votar o projeto Ficha Limpa na quarta-feira, se não houver problemas. Se alguém modificar alguma coisa, o projeto volta à Câmara.

PAGUE A MINISTRA
A substituta de Dilma Rousseff na Casa Civil, Erenice Guerra (aquela do dossiê contra a falecida Ruth Cardoso), já tem novo complemento de salários: foi nomeada pelo presidente Lula para o Conselho de Administração do BNDES. Erenice é, desde o início de 2008, integrante do Conselho Fiscal do BNDES. Recebe, a cada reunião, realizada de três em três meses, o jeton de R$ 15.370,00.Recebe também o salário de ministra, R$ 11.240 mensais.

PAGUE OS CRAQUES
O presidente Lula propôs a criação da Bolsa-Bola, para premiar com R$ 100 mil cada jogador que tenha participado das Seleções campeãs do mundo de 1958, 1962 e 1970. Além disso, cada craque terá direito a R$ 3.400,00 mensais, para ele ou a família. Destrinchando: há jogadores, como o meia Moacir, reserva de Didi na Copa de 1958, que ficaram pobres e estão doentes. Mas há Zagalo, Rivelino, Tostão, Leão, Gerson, Dino, Zito, Carlos Alberto, Pelé e tantos outros que não estão propriamente mal de vida. Tostão já recusou a Bolsa-Bola.




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