Foram dois anos de hiato de seu disco anterior para 'Tempo de Ser' (Lado A, R$ 20 em média), que chega agora às prateleiras. Nesse período, entre os shows e compromissos com o CD 'Outros Ares', Thiago Varzé fez muita pesquisa de repertório, "de outras possíveis estéticas musicais e algumas revisões, necessárias, sobre as minhas composições", diz.

O terceiro disco do cantor, violonista e compositor paulistano chega com 11 composições que passeiam por diversos ritmos e muito romantismo.

"Acho que o nosso País é o que mais mistura tudo, em todos os sentidos. Então eu rotularia de música brasileira", afirma o cantor em relação ao álbum. E a inspiração para isso vem da vida, "da relação que se estabelece entre nós seres humanos e nossa condição humana, a realidade, e as paisagens reais ou inventadas", conta.

Mas não é só de amor que 'Tempo de Ser' é feito. O disco também traz a faixa 'A Voz do Brasil', que fala da diferença entre classes sociais e da corrupção no País. "Eu considero o Brasil um país bipolar.Ao mesmo tempo em que temos inúmeras coisas maravilhosas, como o povo, a mistura a cultura tão miscigenada, as maravilhas naturais, nosso poder de solidariedade, temos o contraponto brutal. A violência, a falta de responsabilidade com a verdade, a decência, a ética e a moral. Além, é claro, da corrupção, instaurada quase que no DNA do brasileiro. Para mim, absolutamente tudo passa pela educação de base. Um país que pretende ser primeiro mundo, necessariamente precisa primar pela educação".

O disco, que tem produção de Marcelo Mariano, traz a participação especial de Pedro Mariano em 'A Voz do Brasil'. No processo de produção do CD, Varzé sentiu a necessidade de dividir a faixa entre dois intérpretes, "uma espécie de conversa entre os dois cantores", diz. Ele disse ao Marcelo, que é irmão do Pedro, que fez a música ‘sonhando' em ouvir um dia ser cantada pelo Mariano. "O Marcelo me olhou e na hora respondeu: ‘Boa, ótima ideia. Acho que ele tem tudo a ver com esse som. Farei o convite'. Aí o Pedro aceitou e lá fui eu, realizar mais um sonho".

É fácil perceber, ao escutar a obra, da opção pelo som orgânico. E isso se deve ao fato de tudo ter sido gravado ao mesmo tempo. "Gravamos nos olhando, interagindo, trocando, somando música. A diferença é notória quando se realiza as gravações dessa forma", diz. "O disco soa realmente mais orgânico, com som de banda tocando junto; o que eu acho maravilhoso".