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Raposa do Campanário quer o bi em Diadema
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
23/01/2006 | 07:50
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Para conquistar o bicampeonato do Carnaval de Diadema, a Raposa do Campanário vai levar para a avenida um samba-enredo baseado na corrida do ouro que se deu no Brasil entre o final do século XVII e início do século XVIII. O período, que por muitos historiadores é considerado o maior boom da economia do país, será relacionado com Diadema. O nome da cidade significa, ao pé da letra, a coroa usada pela realeza.

Não é a primeira vez que a Raposa do Campanário mescla temas tradicionais à realidade da cidade. Em 2005, a fórmula, que colocou em um mesmo caldeirão o cotidiano do bairro da periferia de Diadema e a mitologia grega, rendeu à escola o título de campeã na avenida Ulysses Guimarães. "A gente brinca de Carnaval falando da cidade. As pessoas que assistem se identificam com isso", disse o presidente da escola, Carlos Lima.

Carlinhos, como é conhecido na comunidade, começou a preparar o Carnaval da Raposa do Campanário em agosto do ano passado. "É um trabalho danado. Tem que escolher o tema, pesquisar, fazer o samba." Tanto esforço deu resultado. Os três carros alegóricos que a escola vai levar para avenida já estão sendo montados no barracão e a confecção das fantasias de quatro das nove alas que desfilarão já foram finalizadas.

Têm roupa de baiana, jesuíta. Até traficante de pedra preciosa vai ter lugar na avenida. Tudo feito no capricho pela turma da comunidade, que abusou das penas e de tecidos brilhantes para finalizar os esplendores – nome dado à peça que vai nas costas do passista. Para conseguir esse resultado, o trabalho no barracão da escola tem sido pesado. A jornada começa às 13h e só termina de madrugada.

"Isso agora, que ainda faltam algumas semanas para o Carnaval. Quando estiver perto do desfile, a gente vai virar a madrugada para conseguir deixar tudo pronto", garante Carlinhos. Para manter a qualidade, mesmo com pouco dinheiro em caixa (cada escola recebeu R$ 30 mil da Prefeitura), a Raposa vai entrar enxuta na avenida. Serão cerca de 300 passistas.

"Se colocarmos muita gente na avenida, teremos que baixar a qualidade das fantasias que estamos preparando e não queremos que isso aconteça. É melhor ir pequena, mas com tudo certinho", garante Carlinhos, que por muitos anos foi destaque da Vai-Vai, uma das principais escolas do Carnaval de São Paulo. Para não desafinar na avenida, a bateria da Raposa do Campanário ensaia três vezes por semana.

O ponto de encontro dos batuqueiros é a sede oficial da escola, um barzinho movimentadíssimo da avenida Luiz Carlos Prestes. São 40 componentes que, de acordo com Carlinhos, sempre estão "ensaiando uma ou outra novidade". O destaque da escola este ano, no entanto, será a ala das baianas – a mesma que em 2005 garantiu o título do Carnaval. O presidente da Raposa mantém mistério, mas garante que a novidade vai surpreender. "Carnaval é isso, é novidade, e a gente quer sair da mesmice."




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