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Poluição é maior
nos centros urbanos

Apesar do grande número de indústrias, resultado preliminar
de estudo do Semasa diz que carros são principais poluidores

Por Natália Fernandjes
Diário do Grande ABC
21/05/2012 | 07:00
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Conhecido por concentrar grande quantidade de indústrias - tradicionais fontes de poluição atmosférica - o Grande ABC sofre mesmo é com o fluxo intenso de veículos, principalmente nas zonas centrais, que concentram maior índice de poluentes. Isso é o que indica resultado preliminar de estudo feito pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental), em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), o Instituto de Botânica de São Paulo e a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).

A pesquisa completa, iniciada em 2002, só será conhecida em outubro. No entanto, já é possível saber que as áreas centrais das cidades avaliadas - Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá - concentram maior quantidade de poluentes do que as zonas industriais, explica a bióloga e Gerente de Educação e Mobilização Ambiental do Semasa, Eriane Justo Savóia. "Podemos associar esse dado ao aumento considerável do fluxo de veículos na região", observa.

Houve alta de 5,8% em relação à quantidade de automóveis entre os anos de 2010 e 2011 - atualmente, o Grande ABC tem frota de 1,4 milhão de veículos, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

Por meio de monitoramento feito com a planta popularmente conhecida como Coração-roxo (Tradescantia pallida), foi possível detectar os poluentes. "Apesar de não substituir os métodos convencionais, a planta serve de auxílio de baixo custo para indicar áreas com maior potencial poluidor", diz Eriane. A próxima etapa do estudo analisará os dados de forma estatística para indicar com exatidão a quantidade dos metais pesados encontrados e a fonte poluidora.

Entre os materiais pesados observados, o níquel aparece acima do limite em todos os pontos de estudo, com destaque para Mauá e São Caetano. Já o cádmio está abaixo do limite de detecção na maioria dos locais. No entanto, aparece em grande quantidade na região central de Santo André. Todos os pontos de amostragem apontaram concentração elevada de chumbo. Outro elemento observado foi o ozônio. A base de comparação da pesquisa, como local livre de poluentes, é o Parque do Pedroso.

Um dos objetivos do trabalho, segundo Eriane, é mostrar os impactos da poluição do ar para a população e cobrar políticas públicas eficazes para solucionar o problema. "A poluição não tem fronteiras, por isso, resolvemos avaliar todos os municípios do Grande ABC que têm estação de monitoramento da Cetesb", comenta.


Contato com metais pesados traz prejuízo à saúde, diz especialista

Além de prejudicial ao meio ambiente, a poluição atmosférica traz malefícios à saúde.

Problemas como inflamação no pulmão e aumento da pressão arterial são algumas das consequências do contato da população com metais pesados, explica o coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva.

"O cigarro traz mais risco para a saúde, mas é uma escolha. Já a poluição acomete a todos", destaca Saldiva. Para o especialista, a resolução deste problema, ‘infelizmente, é complicada'. Já que seria preciso investir mais em tecnologias menos poluentes e no transporte coletivo.

Defensor do uso de bicicletas o Saldiva afirma que cerca de 7.000 pessoas morrem no Estado de São Paulo, a cada ano, devido à poluição.




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