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Covid-19 derruba vendas de Páscoa

Pandemia do novo coronavírus atrapalha o comércio de ovos de chocolate e outros itens; queda poderá chegar a 20% em relação a 2019

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
06/04/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Diante do cenário criado pela pandemia do novo coronavírus, a Páscoa deste ano cerca o comércio regional de incertezas. A Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) estima que as vendas no período, que inclui a Sexta-feira Santa, devem cair pelo menos 20% em relação a 2019. As outras entidades representantes do setor projetam perdas, mas não estimam percentuais.

“Mesmo nos supermercados, os artigos temáticos estão nas gôndolas, nas prateleiras, mas não são a prioridade de quem está fazendo compras”, avalia Pedro Cia Junior, presidente da Acisa. “As grandes redes estão trabalhando com entregas, até mesmo gratuitas, e os pequenos, que são a maioria, também podem adotar esta ferramenta para tentar salvar um pouco do faturamento.”

Na avaliação de Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), a Páscoa será “a pior de todos os tempos, uma situação que nunca vivemos antes”. “Por mais que seja uma data importante, cristã e pelo símbolo do ovo de chocolate e do presente, será (uma data) negativa para o comércio. Desta vez, será mais introspectiva do que consumista.”

José Roberto Malheiro, presidente da Ace (Associação Comercial e Empresarial) de Diadema, destaca que a crise já afetou os associados e com a data comemorativa, não deve ser diferente. “O estrago não se sabe até onde vai, mas, com certeza, quanto mais demorar para voltarmos ao normal, pior será”, assinala. Vale lembrar que o decreto estadual determina fechamento dos comércios até terça-feira, mas pode ser prorrogada.

No Estado, a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) tem projeção mais otimista. Fala em perda de 6% do faturamento real, apenas nos supermercados, comparado a abril do ano passado. “Estamos vivendo situação totalmente atípica e de instabilidade no consumo, já que os consumidores estão saindo de casa apenas para o essencial e muitos temem o desemprego”, aponta Júlia Ximenes, assessora econômica.

Já a Apas (Associação Paulista de Supermercados) divulgou que a estimativa é que as vendas de ovos e barras de chocolate, bombons, cerveja, refrigerantes, peixes e vinhos caiam até 8,5% em todo Estado. Antes da crise ocasionada pela Covid-19, a previsão era de crescimento de 2,2% em comparação à mesma data em 2019. Na Grande São Paulo, que inclui as sete cidades, a média de queda deve ficar em 8,2%.

Júlia salienta que, culturalmente, a Páscoa é uma data familiar. “A recomendação é de preservar os idosos, então, talvez, neste ano não seja uma festividade que as famílias irão se reunir”, explica. Segundo ela, outro agravante é a pressão que o câmbio – o dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,34 – pode exercer em produtos importados, a exemplo de pescados e bebidas alcóolicas, comuns para a Sexta-feira Santa.

No entanto, caso a quarentena não seja prolongada e os comércios voltem à normalidade na quarta-feira, a assessora econômica da FecomercioSP lembra que os brasileiros têm o hábito de comprar na última hora. “Os dias que antecedem a comemoração podem dar um refresco às vendas”, assinala. 

Nos restaurantes, orientação é manter delivery para a data

Nos restaurantes, o cenário é o mesmo. Embora afirme que não seja possível estimar a queda, uma vez que se trata de uma situação jamais vivida, Roberto Moreira, presidente do Sehal, orienta que as casas sigam apostando em cardápios diferenciados, comuns nesta época do ano. “Mas devem ser preparados para o sistema delivery. Esperamos que os clientes continuem prestigiando os estabelecimentos da região para que possam sobreviver a essa época tão difícil”, apela.

Lílian Francini Spadaccini Pina, sócia proprietária do restaurante King Sushi, em Santo André, optou por não criar expectativas para a Páscoa. “Não temos certeza de como estará a situação e nem se ainda poderemos trabalhar via delivery, é um momento muito incerto”, conta. Normalmente, o movimento na Sexta-feira Santa chega a dobrar em relação a uma semana comum.

Cumprindo o decreto estadual, atualmente o estabelecimento está servindo apenas por entrega. Ainda que a demanda por delivery tenha aumentado em comparação ao que era antes, os pedidos ainda não são suficientes. “Prejudicar, sabemos que vai, mas não conseguimos prever a demanda e as perdas. Estamos arcando com as contas do restaurante funcionando normalmente, porém, estamos com um porte bem menor (de vendas)”, relata.




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