Economia Titulo Economia
Coronavírus leva empresas da região a iniciar ‘home office’

Deixar funcionário em casa para trabalhar remoto foi orientado pela Fiesp e já é aplicado na região

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
14/03/2020 | 00:05
Compartilhar notícia


O avanço do novo coronavírus, que registrou a primeira transmissão comunitária nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ontem, continua a provocar efeitos na economia. Empresas da região começaram a adotar a prática do home office, ou seja, o trabalho remoto para setores administrativos. As montadoras GM (General Motors), em São Caetano, e Ford, que mantém o setor ainda em São Bernardo, iniciam a prática na próxima semana.

Em comunicado conjunto, Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Sesi (Serviço Social da Indústria) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) anunciaram série de medidas para evitar a contaminação. “Todos os eventos públicos organizados pelas entidades que envolvam aglomeração de pessoas foram suspensos, o home office de funcionários está sendo incentivado e os horários de trabalho, flexibilizados”, informou, em nota.

A federação aconselhou as empresas a adotarem medidas, levando em conta cada realidade, como videoconferência para reuniões que não puderem ser adiadas, neste caso, mantendo o afastamento com assentos intercalados e distância de no mínimo 1 metro; adaptar sistema de marcação de ponto, usando o crachá em vez da digital; e flexibilizar os horários de trabalho para reduzir a concentração de pessoas nos ambientes, o que também ajuda a evitar horários de pico no transporte público. Além disso, as entidades criaram um comitê de gerenciamento de crise.

“Seguimos a decisão de suspender todas as atividades de reuniões de grupo e qualquer atividade que envolva grande número de pessoas. O home office é uma orientação e uma ação profilática”, disse o diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech Júnior, afirmando que as atividades de atendimento continuam.

Entre as montadoras da região, a Ford e a GM anunciaram o trabalho remoto para o administrativo. A primeira teve a produção encerrada na fábrica do bairro Taboão, em São Bernardo, em outubro do ano passado, mas os funcionários do escritório permanecem no local até o fim deste mês, quando está programada a mudança para a Vila Olímpia, em São Paulo. A montadora afirmou que “a partir de segunda-feira, estamos orientando grande parte da nossa força de trabalho global – exceto aqueles em funções críticas de negócios que não podem ser removidas das instalações da Ford – a trabalhar remotamente até segunda ordem. A ação também ajudará a reduzir o risco de disseminação do coronavírus, maximizando a saúde de nossos negócios”, informou, por meio de nota.

A GM, que possui fábrica em São Caetano, também orientou os empregados e terceiros “cujas atividades possam ser realizadas de forma remota” a trabalharem em home office a partir da próxima semana. “A medida é global e tem como objetivo reduzir a probabilidade de disseminação do Covid-19 entre colegas de trabalho, familiares e comunidade e, assim, contribuir para aliviar a pressão sobre os recursos públicos de saúde. A companhia está também tomando todas as precauções para garantir a segurança dos times que não podem trabalhar remotamente e realizando serviços adicionais de limpeza e higienização nos postos de trabalho”, informou a empresa norte-americana.

As demais fabricantes do setor automobilístico do Grande ABC ainda não anunciaram esse tipo de ação.

Cresce procura por álcool gel nos mercados

O avanço do Covid-19 também levou a busca intensa pelo álcool gel, utilizado para higienizar as mãos. Além das farmácias, os consumidores recorreram aos supermercados da região, que apontaram aumento de 10% a 15% no público nesta semana. O produto sumiu das prateleiras.

A Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou ontem, por meio de nota, que “observou aumento da frequência de consumidores em alguns estabelecimentos, mas que os supermercados estão preparados para atender à demanda, e não há registro de desabastecimento nas lojas do Estado de São Paulo”.

Segundo a associação, os supermercados são “uma atividade essencial à sociedade e estão com os estoques normalizados, sendo que toda a cadeia está operando com regularidade, como indústria e transportes, e o abastecimento está com fluxo normal”.

Destaca ainda que, entre os produtos, há maior procura “por itens de prevenção, como álcool gel, porém, toda a cadeia de abastecimento vem trabalhando para que os itens não faltem nas prateleiras e, além disso, se mantenha um equilíbrio de preço nos pontos de venda”, informou.

A rede Joanin, que tem 18 lojas, sendo 14 delas na região, teve aumento de até 15% no público desde a declaração de pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde), nesta semana.

“Hoje, em quase nenhuma das nossas lojas tem álcool gel. Percebemos que o pessoal está bem preocupado e correndo bastante atrás desse produto”, explicou o diretor de RH Alécio Castaldelli Júnior. “Estamos tentando comprar mais, só que o fornecedor está com quase 20 dias de atraso nos pedidos”, completou.

Em relação à movimentação para estocar alimentos, os mercados ainda não registraram aumento. “A gente ouve algumas manifestações, como ‘acho que é melhor começar a comprar água’, mas ainda não deu para perceber isso nas vendas”, disse o diretor.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;