Economia Titulo Juros baixaram
Portabilidade de crédito imobiliário exige cuidado

Bancos cobram tarifa de avaliação e que o usuário custeie toda a documentação para mudança

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/01/2020 | 07:00
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Caio Arruda/DGABC


 Com a redução das taxas de juros de financiamento imobiliário, puxadas pela queda da Selic, hoje em 4,5% ao ano, o consumidor deve ficar atento às opções disponibilizadas no mercado ao verificar se a portabilidade vale a pena.

Os bancos costumam cobrar tarifa de avaliação do imóvel que será financiado, que é de R$ 3.100, além de todos os custos de documentação – como o banco será diferente, é necessário pagar tudo de novo. De acordo com o professor de cenários econômicos e macroeconomia dos cursos de MBA da Faculdade Fipecafi Silvio Paixão, antes de tudo é necessário fazer simulação para avaliar o peso deste valor. “É preciso ficar atento quanto essas taxas representam. Por exemplo, no caso de um contrato que tenha dez anos, e o cliente queira migrar de uma taxa de 10% para 7% ao ano, estamos discutindo redução de pelo menos 30% de taxas de juros. Dificilmente o custo de avaliação de imóvel e análise do crédito será equivalente a esses 30%, e quanto mais longo o prazo, mais ganhos pode se obter, pois o valor é mais diluído. Então pode valer a pena. O que se deve ficar atento é se as informações estão claras”, orientou.

O coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, concorda, e completa que o consumidor deve calcular “quanto está pagando atualmente em taxas de serviço e administração e quanto vai pagar em outra instituição e analisar o custo total do crédito”.

Outra novidade que instituições como o Banco do Brasil e a Caixa anunciaram foi a correção pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do País, que no acumulado de 12 meses até novembro está em 3,27%, mais uma taxa fixa de 3,45% ou 2,95%, respectivamente.

Paixão ponderou, no entanto, que é preciso tomar cuidado com a modalidade. “Tenho uma taxa de juros fixa e consigo me programar, verifico que com o IPCA vou economizar 1% ao ano. Porém, é preciso ter cuidado porque não se sabe até quando a inflação vai continuar em níveis baixos. Ela pode cair até zero e subir, e não há um teto para isso”, afirmou ele, ao aconselhar o consumidor não comprometer mais que 20% da renda com o financiamento.

BANCOS

O Diário questionou as cinco principais instituições financeiras do País sobre a modalidade e também a respeito de informações de portabilidade. O Banco do Brasil financia até 80% do valor do imóvel e oferece tarifas a partir de 7,2% ao ano mais TR (Taxa Referencial), hoje zerada. Para o processo de portabilidade, o banco afirmou que pode incidir a tarifa de avaliação.

As taxas do Bradesco partem de 7,3% ao ano mais TR e o total financiado é de 80%. O banco não falou mais sobre o processo de portabilidade.

A Caixa afirmou que está finalizando estudos para lançar linha de crédito imobiliário prefixada, sendo que a nova modalidade deverá ser lançada em março. Em relação ao crédito imobiliário indexado à TR, o banco oferece taxa mínima de 6,5% ao ano e até 90% são financiados. Para a portabilidade, o banco afirmou que o imóvel deve estar regularizado e livre de ônus que não seja o parcelamento. Está disponível somente a modalidade de indexação pela TR, e não pelo IPCA, neste caso. São parcelados até 80% do montante. O saldo devedor aceito varia de R$ 80 mil a R$ 120 mil.

No Itaú Unibanco, os clientes podem encontrar taxas a partir de 7,45% ao ano mais TR, e é financiado até 82% do valor. Por questões estratégicas, o banco afirmou que não abre informações sobre a portabilidade.

No início da semana, o Santander anunciou que financiará até 90% do custo do bem e a taxa mínima de juros pode chegar a 7,99% ao ano mais TR. As condições são válidas para a aquisição de unidades a partir de R$ 90 mil. Para portabilidade, o banco afirmou que a taxa depende do caso e do relacionamento com o cliente.




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