Política Titulo Rio Grande da Serra
Imóvel que abrigou Câmara por 44 anos aguarda novo inquilino

Prédio construído nos anos 1970 pertence a antigo vereador da cidade

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
15/07/2019 | 07:13
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Claudinei Plaza/DGABC


Imóvel que abrigou o poder Legislativo de Rio Grande da Serra por 44 anos se recente da saída dos vereadores depois de tanto tempo. A parte de cima de espaço no Centro da cidade está vazia, embora ainda existam algumas placas que indicam que ali as leis municipais eram votadas. A espera é por novo inquilino, para que outra história seja inscrita.

Sem os móveis, a sala guarda somente o piso de taco de madeira, a placa com o nome do plenário – Henrique Fonseca Moreira, autonomista e ex-vereador da cidade – e os carpetes, nos gabinetes, tudo já bem desgastado devido ao tempo. Na parte de fora, ainda faltando uma letra – o ‘E’ de ‘Grande’ –, o letreiro da Câmara se encontra na parede.

O imóvel, um prédio de três andares, pertence aos Nishikawara, família que remonta ao início de formação de Rio Grande. Construído por Yugo Nishikawara nos anos 1970, vereador por dois mandatos diretos da Câmara, o local pertence ao filho, Henilson Nishikawara, 51 anos. Abriga diversos outros tipos de comércios em seus demais andares. “Guardei boas memórias sobre o fato de a Câmara ter ficado aqui por 44 anos. Afinal, era aqui que batia o coração da política da cidade”, afirmou Henilson. Seu pai morreu em 1999.

A equipe do Diário foi à cidade na quinta-feira. Neste dia, Henilson estava prestes a fechar contrato com o novo inquilino que deverá ficar no terceiro andar do prédio. O proprietário apenas disse que o andamento das negociações está encaminhado, mas não revelou o que a antiga Câmara da cidade se tornará. “Prefiro não dizer para não assustar o cliente, mas garanto que o contrato está praticamente fechado.”

Outra memória que ficou guardada por Henilson era o fato de seu pai, que conviveu com pequena deficiência física consequência de paralisia infantil, ter de subir os 46 degraus que levavam até o plenário da Câmara utilizando um par de muletas. “Ele ia todo dia para o plenário e subia aquelas escadas. Todos os dias”, relembrou. Talvez por essa persistência, Yugo Nishikawara se tornou o primeiro servidor público a se aposentar entre todos os colaboradores municipais, fato que rendeu honraria enviada pelo Executivo em 1995, após 30 anos de serviços prestados.

PONTO DE REFERÊNCIA
Durante muito tempo, o Legislativo ficou marcado por estar situado acima de uma farmácia, que funciona até hoje em um imóvel dos Nishikawara. A drogaria está aberta desde 1990 e é gerenciada por Luís Antônio Marques da Silva, 60. “Muita gente conhecia a farmácia por causa da Câmara e vice-versa. Muita gente vinha na Câmara e dava a farmácia como ponto de referência”, afirmou. Alguns munícipes apontavam que o prédio da Câmara pertencia ao dono da farmácia.

Henilson sempre levou esse fato na brincadeira, algo que deixou o local ainda mais marcado. “Achava engraçado. O próprio Diário sempre citou este fato (de a Câmara funcionar em cima da farmácia) e sempre levei em tom de brincadeira”, disse.

Os vereadores hoje estão no antigo Creb (Centro de Referência de Educação Básica), na região central. 




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