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Lar Anália Franco fecha as portas após crise financeira

Entidade fundada há 19 anos, em São Caetano, era ponto de referência para mulheres idosas em vulnerabilidade

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
15/08/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Referência de atendimento para mulheres idosas com doenças psiquiátricas, vítimas de violência doméstica ou mesmo em situação de rua, o Instituto Assistencial Espírita Anália Franco, em São Caetano, encerrará suas atividades nesta semana. Depois de 19 anos de prestação de serviços, a entidade sem fins lucrativos alega já não ter mais recursos financeiros para manter o funcionamento do abrigo. A medida afetará diretamente 20 pacientes.

O anúncio do encerramento das atividades foi feito pelo presidente da entidade, Gilmar Talarico, que justifica a decisão com a grave crise financeira enfrentada pelo País. “A crise que se instalou no Brasil, a partir de 2015, afetou sensivelmente os níveis de doações que sempre tivemos e que representava 70% da nossa receita”, explica.

Segundo ele, o volume mensal de arrecadação do abrigo caiu de R$ 6.000 para R$ 1.200 nos últimos três anos, o que trouxe danos aos serviços prestados pela entidade. “Chegou um momento em que não podíamos mais aceitar novos pacientes”, afirma Talarico.

Nos últimos dois anos, o Lar Anália Franco chegou a executar um plano emergencial para tentar reverter o quadro. Dentre as ações, o abrigo reduziu o número de pacientes, de 40 para 20. A Prefeitura de São Caetano, na tentativa de amenizar a crise do abrigo, também ampliou em 69% a subvenção destinada à entidade, além de conceder algumas isenções.

“Infelizmente, mesmo com essa ajuda do poder público, depois de refeitas, verificamos que as contas não fechariam. Perdemos, enfim, a nossa capacidade de auferir recursos no montante necessário para honrar os compromissos decorrentes da nossa atividade”, justifica Talarico.

Com a medida, São Caetano perderá seu principal abrigo destinado ao atendimento de mulheres idosas em vulnerabilidade ou com doenças psiquiátrica. Vale lembrar que o município reúne hoje a maior população idosa da região, com a proporção de uma pessoa e meia com mais de 60 anos para cada criança. Considerando a população total do município, 15,8% dos moradores têm 65 anos ou mais.

Nas últimas semanas, a entidade realizou a transferência de pacientes para outras unidades referenciadas no atendimento à mulher em São Caetano, Santo André e Ferraz de Vasconcelos, na Região Metropolitana. Atualmente, apenas três pacientes aguardam na unidade a autorização de transferência. A sede da entidade, alugada por R$ 8.000 mensais, será entregue ao proprietário nesta semana. Já no dia 14 de setembro o abrigo realizará seu último evento beneficente para complementar as indenizações trabalhistas.

 

Prefeitura promete realizar nova política de acolhimento

 

Na tentativa de amenizar os impactos do fechamento do Lar Anália Franco, referência no município, a Prefeitura de São Caetano afirma que irá desenvolver novas políticas de acolhimento deste público, ou seja, de mulheres idosas em vulnerabilidade.

De acordo com a Prefeitura, por meio da Seais (Secretaria de Assistência e Inclusão Social), a administração municipal já providenciou o acolhimento das mulheres atendidas pela entidade e agora executa ações para implantar o novo plano. O município disse ainda que não realizou quaisquer intervenção no local por trata-se de uma “entidade particular”.




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