O prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), intensificou o distanciamento político com o primo, o presidente da Câmara diademense, Marcos Michels (PSB), e resolveu ignorar a indicação do grupo do socialista para a chefia da Educação ao escolher Cacá Vianna (PV), atual diretor-presidente da Fundação Florestan Fernandes, para comandar o setor.

Na semana passada, Tatiane Ramos (PSB), mulher de Marcos, pediu demissão do cargo de secretária de Educação – posto que ocupava desde 2016 – diante da possível desistência do socialista em se candidatar a deputado estadual neste ano. A educadora, então, indicou nome próximo ao grupo de Marcos e de perfil técnico para substituí-la na área, o que teria sido acordado com a cúpula do Parque do Paço. 

Na terça-feira, no entanto, Tatiane disparou críticas ao governo Lauro nas redes sociais alegando que o núcleo duro da gestão verde não cumpriu o que teria prometido e que havia colocado outra figura no comando da Pasta. “Entendi que havia respeito, carinho, reconhecimento e atenção aos seis anos de trabalho, que deixam um legado à gestão e à cidade. Hoje (anteontem) se apresentaram os novos chefes da secretaria, chegando sem aviso prévio, conhecidos da cidade e da rede. Sem problema nenhum (na indicação), mas podiam ao menos ter comunicado, por consideração”, reclamou Tatiane, que também cutucou o vice-prefeito Márcio da Farmácia (Podemos), que é o pré-candidato do governo à Assembleia Legislativa e que tem disputado internamente com Marcos Michels apoios para a eleição  estadual.

A iminente nomeação de Cacá Vianna no comando da Educação representa afastamento de Marcos e de seu grupo político da chefia do setor, além de aumentar as divergências entre o chefe do Executivo e o presidente do Legislativo por conta das eleições de outubro. Desde o início da era Lauro, em 2013, o primo do prefeito tinha influência na secretaria. Durante praticamente todo o primeiro mandato do verde, o hoje presidente da Câmara gerenciou a Pasta. Neste segundo mandato, sua mulher o substituiu no cargo. 

Já Cacá Vianna é nome antigo no governo Lauro e espécie de coringa na administração. Antes de ser indicado para o Florestan, autarquia municipal que oferece cursos profissionalizantes, foi secretário de Comunicação e assessor especial do prefeito na primeira gestão de Lauro. Ele também integra o seleto grupo de conselheiros do governo. 

Ainda é incerta a candidatura de Marcos, que tem perseguido acordos vislumbrando adesão do governo para a corrida pela sucessão de Lauro, no pleito de 2020. Na segunda-feira, o parlamentar esteve com o governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Márcio França (PSB), com quem tratou, entre outras questões, da eleição deste ano. 

Márcio da Farmácia, Cacá e Marcos não atenderam aos contatos do Diário.