Esportes Titulo Abuso na ginástica
Polícia confisca bens de treinador

Fernando de Carvalho é surpreendido com mandado de busca e apreensão; ação levou HD, CDs, entre outros, para averiguação

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
05/05/2018 | 07:00
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O técnico de ginástica Fernando de Carvalho Lopes foi surpreendido ontem com mandado de busca e apreensão na casa de seus pais e onde está residindo, no bairro Assunção, em São Bernardo. A operação da Polícia Civil – conduzida pela delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian – confiscou um HD externo, pen drives, CDs, DVDs e fita cassete. A família e o próprio treinador – que é acusado de abuso sexual e assédio moral a dezenas de ginastas – acompanharam a ação dos policiais.

“Ordem judicial não se discute, se cumpre. A família franqueou a entrada, inclusive o Fernando estava aqui. Pessoas estão dizendo que ele estaria foragido, mas não, está em local certo, sabido pela Justiça, e franqueou todos os aposentos da casa, bem como todos os bens”, explicou o advogado de defesa Luis Ricardo Davanzo, em frente ao local da ação.

De acordo com o defensor, a operação, que envolveu três carros da Polícia Civil e durou cerca de uma hora e meia, causou estranheza. “Para nós foi surpresa, sim. Num universo com tantas pessoas, temos a prova oral: os depoimentos. Presume-se que, sendo verdadeiro o que estão alegando, que também tenham provas. Hoje, 90 e poucos por cento da população possuem celular e todos gravam, filmam, então seria bem normal – sendo verdadeira essa questão – que essas supostas vítimas tivessem filmado ou alguma foto. Então, jamais iríamos esperar que buscariam informações desse sentido com ele (Fernando).”

Apesar de os dois terem sido surpreendidos pelos policiais, o advogado não acredita que seja expedido pedido de prisão temporária de seu cliente que, segundo ele, não está impedindo as investigações nem vai fugir. “Muito pelo contrário. Está disposto a investigar e quer que tudo seja esclarecido o mais rápido possível”, comentou Davanzo, que também não enxerga possibilidade de prisão preventiva. “Não aconteceu nenhum fato novo desde esse início que justifique. Não é porque foi noticiado pela imprensa um fato que tem obrigatoriamente de gerar mandado de prisão. E a regra no nosso País é que réu solto, suspeito solto, responda o processo solto. E, por ora, estamos na fase de investigação, nem processo ainda existe”, completou o advogado.

Estima-se que 22 pessoas já prestaram depoimento, mas o treinador ainda não foi convocado. Segundo informações, Fernando de Carvalho Lopes será chamado no dia 17. As duas próximas pessoas a serem ouvidas serão a psicóloga Thais Coppini e o técnico de São Caetano Marcos Goto. 

Hypólito depõe e cobra apuração rápida

Diego Hypólito prestou depoimento à delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian ontem, no 1º DP de São Bernardo, no Baeta Neves, sobre sua relação de trabalho com o técnico Fernando de Carvalho Lopes, acusado de abuso sexual. Prata na Rio-2016, ele disse que não consegue treinar desde que o escândalo se tornou público e cobra apuração rápida dos fatos.
 

“Estou vivendo dias difíceis, não estou conseguindo treinar. Assim que fui convidado para depor vim o mais rápido que pude para contribuir. Isso tem de ser apurado, envolve crianças, envolve formação. Espero que o caso seja solucionado o mais rápido, que se escute as pessoas que precisam ser escutadas para que a gente também tenha uma resposta. Estou na mesma situação que todo mundo, esperando resposta”, comentou.


Diego disse que tinha relação de atleta e técnico com Fernando. “Tivemos relação estritamente profissional. Foi no período em que eu estava em transição de clube. Nunca havia treinado com outro técnico, foi quando deixei de trabalhar com o Renato (Araújo), que me acompanhou por muitos anos no Flamengo. Era relação bem profissional, não tinha nenhum contato com o Fernando fora do ginásio”, garantiu.

O ginasta afirmou que não sabia dos casos de abuso sexual. “Como sou muito mais velho, não tinha contato com os meninos, não conheço eles. Tenho uns sete anos de diferença e treinava no Flamengo. Quando ia competir focava na competição, então não tinha tanto contato com eles”, explicou.

Assim que as denúncias se tornaram públicas, Diego resolveu abrir o jogo e assumiu que sofreu bullying quando jovem e participou de rituais constrangedores quando treinava no Flamengo. “Eles me faziam ficar pelado e pegar com o ânus uma pilha com pasta de dente em cima”, disse. Ontem, porém, fez questão de dizer que os casos não têm relação. “Tinha 9 anos e só conheci o Fernando aos 27”, ressaltou. 



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