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Barracas vazias se espalham em ocupação do MTST

Famílias continuam a aparecer no terreno somente quando são chamadas para assembleias do MTST

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
05/12/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Centenas de barracas vazias e cenário fantasma. A menos de uma semana da realização de reunião decisiva entre representantes do Gaorp (Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse) e lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), este foi o cenário encontrado ontem pela equipe do Diário na Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo.

Instalado desde o dia 2 de setembro, em área pertencente à MZM Incorporadora, no bairro Assunção, o acampamento formado por integrantes do movimento social segue com dificuldades para atrair a participação ativa de 12.136 famílias que, segundo o MTST, estariam abrigadas naquele terreno.

Durante visita da equipe do Diário ao acampamento, ontem, no período da tarde, poucas famílias foram vistas nas dependências do acampamento. Os poucos que ali estavam improvisavam pequenas obras em suas tendas.

“Vim aqui só trazer algumas doações que recebi de uma galera que ajuda o movimento”, disse um dos moradores abordados pela equipe, que preferiu não se identificar.

Ambulantes que desde o início da ocupação se instalaram nos arredores do acampamento garantem que o cenário deserto é frequente. “De manhã é muito difícil alguém aparecer aqui. O movimento mesmo é durante a assembleia, por volta das 17h. Depois disso todo mundo vai embora”, afirma a vendedora Maria Lúcia da Silva, 43 anos.

Problema recorrente na ocupação, a falta de participação de famílias integrantes do movimento social chegou a ser pauta de assembleia realizada pelos líderes em outubro, conforme noticiado pelo Diário.

Na época, lideranças do MTST iniciaram cobrança a respeito de integrantes do movimento que só aparecem na Ocupação Povo Sem Medo à noite, para assinar a lista de presença que permite aos ocupantes a manutenção de tendas no acampamento.

Embora nas últimas semanas lideranças do movimento tenham apostado no apoio e visita de artistas nacionais para reverter este cenário, como foi o caso do cantor Caetano Veloso, as barracas vazias continuam a se espalhar pelo acampamento. “No dia que ia ter o show foi a única vez que vi isso daqui lotado”, relata a dona de casa Lourdes Lopes, 56 anos.

Para vizinhos da ocupação, a expectativa é a de que o impasse seja solucionado na próxima semana, quando reunião entre Gaorp e MTST deve definir o futuro do local. “Eu espero que eles cumpram de fato a decisão de reintegração de posse”, disse uma moradora, que não quis se identificar.

Ocupantes também têm esperança que o encontro resolva o impasse. “Acreditamos que dará certo”, relata a dona de casa Maria do Carmo da Silva, 52.

Recomendação feita pelo MP (Ministério Público), o encontro entre integrantes do Gaorp e lideranças do MTST ocorrerá dois meses depois de o TJ ter dado aval positivo para remoção das famílias do terreno. A reunião é o único procedimento que impede a desocupação do acampamento instalado em área de 7.000 metros quadrados. Caso as tratativas não avancem, a Justiça deverá solicitar à Polícia Militar a reintegração de posse mediante força policial.

De acordo com o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), representantes legais das esferas federal, estadual e municipal, indicados por seus respectivos órgãos, serão convidados a participar da reunião.

 




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