Cultura & Lazer Titulo
Brasil Explicado
Por Luciane Mediato
Especial para o Diário
10/05/2011 | 07:32
Compartilhar notícia


Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), juntamente com Gilberto Freyre e Caio Prado Júnior, foi um dos ‘explicadores do Brasil', isso é, alguém que, por meio de respeitável obra, procurou tornar o País mais inteligível à população. Hoje, é considerado um dos mais importantes intelectuais brasileiros do século 20.

As obras e textos desse historiador e amante da literatura, que teve forte inspiração dos alemães Max Weber e George Simmel, foram reunidos pelo pesquisador Marcos Costa e publicados em coedição pela Unesp e a Fundação Editora Perseu Abramo em dois volumes - Sérgio Buarque de Holanda: Escritos Coligidos Livro 1 - 1920-1949(R$ 69, 648 páginas) e Livro 2 1950-1979/CF (R$ 67, 496 páginas). Os textos originais estavam em jornais e revistas e se encontravam dispersos nos arquivos de periódicos e universidades. O material é inédito em livro.

"A obra do Sérgio é fundamental para a compreensão do passado brasileiro e por isso é indispensável para quem queira lançar luz e compreender melhor alguns aspectos do tempo presente. Ele foi um analista perspicaz da história do Brasil. Livros como Raízes do Brasil, Monções, Caminhos e FronteirasVisão do Paraíso são clássicos da história brasileira, sem os quais, certamente, nosso passado ainda estaria carente de interpretação", afirma Marcos Costa.

Em Raízes do Brasil, seu primeiro livro, publicado em 1935, Holanda se ocupa de questões políticas. Porém, com o passar dos anos, o autor começou a estudar a sociedade brasileira com nova visão. Segundo Costa, "passou a analisar os fatos por outras abordagens e outros objetos, pouco convencionais para a produção historiográfica da época, que mais tarde seria denominada de história cultural."

O intelectual iniciou projeto único na documentação do passado do Brasil. Tratou de vasculhar os desvãos da história, os personagens secundários e os fatos inusitados e aparentemente sem importância, além de analisar os costumes e os modos da vida social. Detalhe para o fato de que alguns temas e objetos observados na década de 1940 estavam há anos-luz de fazer parte do rol de interesse dos historiadores.

"Em tempos em que fazer história era se preocupar com aspectos políticos, ele era tido como um intelectual excêntrico, que só nos anos posteriores seria totalmente compreendido, como tudo que é novo e original, e reconhecido como genial. E este reconhecimento viria apenas a partir dos anos 1970 no mundo. No Brasil a história cultural só frutificaria depois de dez anos", avalia Costa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;