Sempre que fala sobre os tempos em que gravava o seriado Chaves, Edgar Vivar chora. Não tem jeito. De tanto visitar o Brasil, o ator mexicano acabou incorporando o lado superpassional do brasileiro. Tanto que das palavras em português que aprendeu em aulas particulares com professora pernambucana, a que mais gosta é saudades. E há de se concordar: não há termo mais brasileiro do que esse. “Saudade significa muito e, com o tempo, aprendi o que realmente é. E sinto muitas saudades do programa, dos amigos que se foram”, conta Vivar ao Diário. O ator não esconde também a empolgação em querer conhecer Santo André, onde amanhã fará show pela primeira vez, a partir das 19h. “Estou muito ‘expectante’”, declara, deixando escapar uma tentativa engraçada de dizer ansioso.

Em Uma Noite com Senhor Barriga, a ideia é mesmo matar as saudades do programa, cujo último episódio foi gravado no começo dos anos 1980. Na primeira parte do espetáculo, Vivar repete bordões famosos e canta. Na segunda, exibe cenas raras gravadas por ele durante turnê da turma entre os anos 1970 e 1980. “Gravei para meu arquivo particular, mas escolhi exibi-las para os fãs porque eles merecem. É realmente emocionante ver a reação do público”, comenta. Segredos que sempre deixaram os telespectadores com a pulga atrás da orelha são revelados. “Quem nunca quis saber o nome da mãe do Nhonho?”, brinca.

O ator – que trabalha com teatro, cinema, televisão e dublagem (ele gravou Meu Malvado Favorito, Os Minions e agora, Angry Birds) – diz que adora falar sobre os tempos de Chaves. “Sou grato por tudo o que me deu. Hoje sempre encontro alguém que reconhece o Sr.Barriga em qualquer lugar onde vou. Agradeço muito por tudo o que ele me ensinou. Ainda fico impressionado que o seriado tenha tantos seguidores após tantos anos e em tantos lugares (o Chaves passa em 32 países). Acredito mesmo que seja sua simplicidade.” E Vivar emenda: “Roberto Bolaños foi meu mestre, meu mentor, meu amigo. Meu pai e ele tinham a mesma idade, eram formados em Engenharia. Quando meu pai morreu, Bolaños disse que quando eu precisasse de um conselho podia contar com ele. E foi assim até ele morrer (em 2014). Tive a chance ainda de me despedir em seu último aniversário, quando passei um vídeo com as declarações dos fãs brasileiros a ele”, recorda.

E com o Brasil novamente em pauta, o ator, que se sente realmente à vontade no País, não pensa duas vezes ao escolher sua comida, tipo de música e time de futebol favoritos. “Feijoada, comida baiana e pão de queijo; bossa nova; e o Corinthians”, crava. Amanhã os fãs da região terão a chance, finalmente, de ver de perto a alegria e a humildade do eterno gordinho com a pasta na mão, que nunca desistirá de cobrar o aluguel. “Já são muitos anos fazendo isso”, brinca. A barriga será nossa, senhor honra.

Uma Noite com o Senhor Barriga – Show. No Teatro Municipal de Santo André – Praça 4º Centenário. Amanhã, a partir das 19h. Ingressos: R$ 50 e R$ 100 (www.bilheteriaexpress.com.br).