Esportes Titulo Esporte da região
Melhores atletas paraolímpicos do Brasil são do Grande ABC

Eleitos após votação pública, canoísta Luís Carlos Cardoso, de São Bernardo, e saltadora Silvânia Costa de Oliveira, de São Caetano, têm histórias de superação e de muitos títulos

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
20/12/2015 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


Por trás de um título tem sempre uma história de muita dedicação. Mas nos casos do canoísta Luís Carlos Cardoso, 31 anos, e da saltadora Silvânia Costa de Oliveira, 28, é muito mais do que isso. Eles tiveram de superar fortes decepções e reinventar-se para hoje comemorar o fato de serem os dois principais atletas paraolímpicos do Brasil. Ele, da equipe de São Bernardo, e ela, de São Caetano, foram reverenciados em festa grandiosa realizada semana passada, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Luís Carlos tinha tudo para desistir quando há cinco anos era coreógrafo e dançarino do cantor Frank Aguiar (PRB), vice-prefeito de São Bernardo, e contraiu parasita que se alojou em sua medula, deixando-o paraplégico. Ainda no hospital, lutando para sobreviver, soube que sua mãe havia falecido. Por mais profunda que pudesse ser a dor, o piauiense de Picos se reergueu. Depois de 40 dias de internação, começou a fazer fisioterapia, exatamente quando sua vida começou a mudar.

“Me indicaram a canoagem como parte da minha reabilitação e passei a treinar na Represa Billings, em São Bernardo. De cara me apaixonei pelo esporte, pelo contato com a natureza e coloquei a força que me restou na modalidade”, lembra Luís Carlos, que rapidamente começou a se destacar e após alguns meses de treino tornou-se vice-campeão brasileiro.

De lá para cá, lágrimas dos olhos do canoísta só escorriam de emoção. Foram dezenas de títulos até as duas medalhas de ouro no Mundial de Canoagem, em Milão, na Itália, em agosto – feito inédito para o Brasil. Uma foi obtida no caiaque, que está no programa olímpico, após oito meses de treino. “Tive de mudar, deixei a canoa para ter chance de representar meu País no Rio de Janeiro”, disse.

Sobre o prêmio, concedido após votação popular, ele agradeceu sobretudo seu treinador, o húngaro Ákos Angyal, que o acompanha na Billings. “É muita dedicação e estudo, dentro e fora d’água, para que eu possa evoluir. Ser campeão mundial em duas modalidades (canoa e caiaque) é inédito no Brasil e a responsabilidade aumenta a partir de agora”, assume Luís.

Silvânia convive com deficiência visual há pelo menos dez anos, desde quando descobriu que era portadora do mal de Stargardt, doença rara que atinge a retina e prejudica a visão de longa distância. Nascida em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, ganhou projeção em 2015 após conquistar ouro no salto em distância no Mundial de Doha e nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.

“Estou alegre e feliz, ao mesmo tempo muito emocionada. Acho que valeu a pena ter lutado e acreditado no meu sonho, de ter ido atrás e batalhado muito, e poder consegui chegar onde eu cheguei. Foi mérito do meu trabalho e hoje estou colhendo frutos de tudo que eu plantei. Estou muito feliz e satisfeita e espero poder mostrar ainda mais”, comentou a saltadora, que defende a equipe da BM&FBovespa/São Caetano.

Para Silvânia, o prêmio de melhor atleta do País é mais uma motivação rumo à Paraolimpíada de 2016. “Neste ano bati o recorde brasileiro, o recorde das Américas, fui campeã para-pan-americana, campeã mundial, terminei como a primeira do ranking e ficando a um centímetro do recorde. Então, em apenas dois anos de trabalho, a gente conseguiu grandes resultados, isso dá confiança para o Rio-2016”, confirmou a saltadora.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;