Economia Titulo Comércio exterior
Região deve voltar a ter deficit comercial

Pelo segundo ano seguido, o Grande ABC vai
ficar com importações maiores que exportações

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
08/12/2014 | 07:13
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Divulgação


Pelo segundo ano seguido, o Grande ABC terá deficit na balança comercial, ou seja, importações maiores que exportações. Em 2013, depois de 13 anos de saldo positivo, a região registrou resultado negativo de US$ 41,4 milhões. Agora, de janeiro a outubro, já são US$ 496 milhões de deficit, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ou seja, volume 12 vezes maior. Os números refletem, entre outros fatores, a contínua queda das vendas ao Exterior. Nos primeiros dez meses deste ano, as empresas dos sete municípios obtiveram US$ 4,51 bilhões com encomendas a outros países, 21% menos do que o alcançado no mesmo período do ano anterior. As importações (que somam US$ 5,72 bilhões neste ano até outubro) também encolheram, mas em ritmo menor, 11%.

Por sua vez, colabora para isso a crise argentina. Principal destino dos produtos da região enviados ao Exterior, o país vizinho representava 45% da receita com exportações do Grande ABC em 2013 e, agora, passou a significar 38%. Isso porque o faturamento obtido com as vendas aos nossos hermanos caiu 33,6% (de US$ 2,61 bilhões nos dez meses iniciais de 2013, para US$ 1,73 bilhão neste ano até outubro). E a situação vem se deteriorando. “A Argentina passou daquela fase de que estava comprando pouco. Agora parou de comprar. E mercado existe, mas o governo (da presidente Cristina Kirchner) não libera dólares aos importadores locais”, diz o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, Anuar Dequech Júnior.

Em algumas cidades, o impacto dessa crise foi mais significativo. Foi o caso de São Caetano, sede da General Motors, que passou a focar nas vendas de peças de reposição para lá. Do total exportado pelo município no ano passado, 84% eram para a Argentina. Agora, essa fatia caiu para 70%.

De acordo com estudo do Observatório Econômico da Universidade Metodista, chama a atenção a redução das encomendas externas dos principais setores da economia regional. De janeiro a setembro, o valor obtido com embarques de automóveis caiu 22%, o de caminhões, 53% e, o de produtos químicos, 21%.

O coordenador do Observatório, o professor Sandro Maskio, observa que parte da redução nos empregos da indústria se deve à retração nas exportações nesses setores. Além disso, houve substituição de fornecedores locais pelas importações de peças e insumos industriais, por causa, entre outros motivos, do real valorizado, que prejudica a competitividade dos fabricantes nacionais.

Maskio cita ainda que, apesar da melhora da taxa cambial nos últimos meses, vai demorar um pouco para a recuperação das vendas ao Exterior, até que haja retomada de negócios com antigos clientes em outros países.


Indústria busca novos mercados no Exterior

Para reduzir a dependência do mercado argentino, que ainda representa cerca de 65% do total obtido no País com vendas de veículos ao Exterior, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) vem fazendo contatos com associações de outros países da América Latina e da África para estreitar as relações comerciais no segmento. O presidente da Anfavea, Luiz Moan, cita que nesta semana volta a se encontrar com a entidade automotiva colombiana, para tentar acordo bilateral. “Em seguida (ao encontro), os governos devem se sentar à mesa para conversar”, afirma. Há também diálogo previsto com o México em janeiro. O acordo que existia com os mexicanos, que previa cotas para a importação e exportação de veículos, termina em março. Por sua vez, no caso de países africanos, o foco inicial é o envio de máquinas agrícolas, mas não se descarta, numa etapa posterior, a comercialização de outros tipos de veículos para lá.

Para Anuar Dequech Júnior, vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, o câmbio a R$ 2,60 já ajuda a ampliar vendas para outros países. “Dá para ser um pouco mais competitivo, mas ainda é inviável para exportar para a Europa e Ásia”, ressalta. 




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