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Soro contaminado pode ter matado pelo menos 11 bebês no RJ
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12/05/2004 | 00:07
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A Delegacia de Repressão a Crimes contra a Saúde Pública abriu inquérito nesta terça para investigar a morte, provocada por infecção generalizada, de pelo menos 11 bebês e um adulto em seis hospitais e maternidades municipais do Rio. Todas aconteceram na semana passada.

As 12 vítimas receberam NPT (Nutrição Parenteral Total), fabricada pela Gan Rio Apoio Nutricional Ltda. A solução sob suspeita é uma substância intravenosa utilizada para alimentar pacientes impedidos de comer normalmente. Quatro casos ainda não confirmados oficialmente também podem ter relação com o NPT.

O delegado José Luiz Duarte pretende ouvir a direção e médicos das unidades onde ocorreram as mortes, os fabricantes da NPT e parentes das crianças. Ele afirmou que irá investigar se alguém foi contaminado nos quatro hospitais particulares que teriam recebido a solução. Entre eles, está a Casa de Saúde São José, em São Gonçalo, no Grande Rio.

A diretora da Vigilância Sanitária do Estado, Maria de Lourdes de Oliveira Moura disse que, além das mortes, houve pelo menos 24 casos de contaminação entre os 67 pacientes que receberam o produto. "Todas as amostras enviadas pela empresa tiveram resultado insatisfatório”.

Antes, a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) havia examinado as condições de rede de água e esgoto que atende a empresa Gan Rio e informou que a análise físico-química havia sido satisfatória. Mas exames microbiológicos mostraram que todas as amostras de bolsas de nutrição parenteral manipuladas no dia 4 de maio estavam contaminadas por um agente ainda não identificado.

A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota oficial, ter sido comunicada no último dia 6 da morte de três recém-nascidos no Instituto da Mulher Fernando Magalhães, em São Conrado, zona Norte. Todos tomaram a nutrição da Gan Rio.

Exames preliminares feitos em laboratórios confirmaram, de acordo com a Secretaria, a contaminação do lote pela bactéria Enterobacter, que causa infecção generalizada e pode provocar morte por falência múltipla de órgãos.

As amostras foram enviadas ao Laboratório Noel Nutels pela Vigilância de Saúde do Estado para um exame conclusivo. O gerente-geral da Gan Rio, Reginaldo Lopes, disse que a empresa também aguarda o resultado final. A fábrica da empresa, em São Cristóvão, foi interditada na sexta-feira passada pela Vigilância Sanitária do Estado.

"Meu filho nasceu de seis meses e tomava esse líquido branco que a médica dizia que era para ganhar peso", afirmou a dona de casa Marcia Regina Lopes Silva, 30 anos. "No domingo, reparei que ele estava sem o soro e me disseram que tinham suspendido o medicamento, depois soube que esse foi o dia mais grave dele na UTI".

Segundo a nota da Secretaria "foram tomadas diversas providências, como a suspensão imediata da NPT do lote suspeito, comunicado à empresa fornecedora e contato com outras unidades da rede municipal para identificar a ocorrência de outros.




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